«A instalação, crescimento e sobrevivência de um forte sector privado no domínio da saúde só é possível à custa da ‘sangria’ do SNS em recursos humanos, sobretudo os mais diferenciados, do seu financiamento público através de contratos e convenções e da indução da sua procura pelas ineficiências quantitativas e qualitativas da oferta pública, relacionadas com dificuldades de funcionamento do SNS (. . .) Desequilibrando a seu favor a prestação e a gestão, os grandes grupos privados asseguram para si o controlo e a direcção das actividades e dos serviços de saúde. A saúde constituirá, então, um vasto e lucrativo mercado, obedecendo às regras ditadas pelos interesses dos grupos financeiros (. . .) Um SNS para pobres será, sempre, um pobre SNS». (Esquerda.net)
De facto, uma das tendências mais preocupantes para o futuro do SNS, é o reforço, com o apoio claro do Estado, da presença do sector privado nesta área. O interesse dos grupos privados rentistas por este sector é evidente. Afinal de contas, como afirmou uma responsável pelo «negócio da saúde» (não vos soa estranha a junção destas duas palavras?) do grupo BES, «melhor do que o negócio da saúde só a indústria de armamento». Ganhando «músculo» nesta área os grupos privados estarão em condições de responder melhor à procura, de fazerem pressão junto do poder político e de assim corroerem as bases em que assenta qualquer serviço público decente: a sua utilização pela esmagadora maioria dos grupos sociais. Afinal de contas foi o ultraliberal Milton Friedman que afirmou que «programas para pobres são pobres programas». Simples questão de poder e de dinâmicas de reivindicação política.
Então teremos que exigir aos "negociadores da saúde" que suportem também a parte dos nossos impostos que suporta o SNS...
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