Ontem saiu no Público um excelente artigo da autoria de André Freire, professor de ciência política no ISCTE, que contesta convincentemente as principais teses da «narrativa neoliberal sobre a globalização».
Destaco as seguintes ideias: (1) o processo de «liberalização mundial dos mercados tem dependido muito mais da engenharia política do que da acção espontânea das forças do mercado»; (2) a correspondente recusa de qualquer determinismo, em que a globalização apareceria como o resultado natural e irreversível do desenvolvimento tecnológico; (3) o papel crucial das escolhas políticas neoliberais realizadas pelos países centrais e impostas aos países periféricos através das organizações internacionais controladas pelos primeiros (FMI, BM, OMC); (4) a relação indissociável entre a expansão da infra-estrutura coerciva dos EUA (reflectida por exemplo na multiplicação recente do número de bases militares usando como pretexto a «guerra ao terrorismo») e a expansão da economia global capitalista, revelando que por detrás do espontaneísmo panglosiano dos «mercados livres» está sempre o poder coercivo da autoridade; (5) o facto da globalização ter «beneficiado sobretudo as grandes empresas transnacionais e o capital financeiro e bastante menos as populações, sobretudo as dos países mais desenvolvidos» e de ser em parte responsável pelo aumento brutal das desigualdades.
De facto, não é em vão que as questões da economia política da globalização fazem parte da agenda da ciência política.
Nota marginal: hoje noticiava-se que as vendas de antidepressivos aumentou 60% nos ultimos 5 anos.
ResponderEliminarA desigualdade é boa para a economia....
Sei que não vem exactamente a propósito desta entrada, mas porque me parece que a ortodoxia do pensamento económico é colocada em causa, gostaria de chamar a atenção para este artigo inserido na edição do Público de 18 de Junho... (http://jornal.publico.clix.pt/magoo/noticias.asp?a=2007&m=06&d=17&uid=&id=218969&sid=48354)
ResponderEliminar... que remete para a revista Science (http://sciencenow.sciencemag.org/cgi/content/full/2007/614/1) - existe um link no texto para um artigo assinado pelos autores do estudo.
Obrigado pelas referências.
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