«O imbróglio em que os EUA se meteram por achar que a saúde é um bem - e, por consequência, os seus cuidados uma mercadoria - como qualquer outro(a) está à vista de todos, mesmo dos empresários que se queixam de aumentos anuais impraticáveis nos seguros que pagam pelos seus trabalhadores, e que, no limite, prejudicam as empresas norte-americanas na competição internacional (agora estão preocupados, não é?) - muitas vezes contra países que resolveram esse problema através de sistemas públicos universais ou variantes público-privado, que cobrem todos sem excepção, garantindo níveis aceitáveis de qualidade, eficiência e equidade a um custo bastante razoável». Hugo Mendes no Véu da Ignorância, um blogue «liberal-igualitário».
O problema é quando o mais do que necessário processo de desmercantilização de certas esferas da vida social se faz apenas porque os capitalistas querem socializar alguns prejuízos. Geralmente os resultados não costumam ser os melhores em termos de garantias de igualdade no acesso, de cobertura universal e de qualidade. De qualquer forma, a situação do sistema de saúde nos EUA prova uma vez mais a superioridade inequívoca dos sistemas públicos de provisão de cuidados de saúde (os EUA estão em 37º lugar no ranking de qualidade da Organização Mundial de Saúde sendo que a «estatista» França está em 1º). Em Portugal (em 12º lugar no tal ranking), perante a pressão dos grupos privados rentistas para quem «a saúde é apenas mais um negócio», convém sempre relembrar isto.
Verdade, João, mas só uma achega relativamente ao sistema francês, que é bem mais "misto" - e também mais caro - do que o modelo britânico (que é também o nosso), por isso esta não é a melhor área para usar essa qualificação (a de "estatista": que, já agora, para responder a uma questão que ficou, creio, por responder noutra discussao, é usada por vários autores da economia politica institucionalista; para não ir mais, pelo próprio Robert Boyer).
ResponderEliminar"Estatista" em termos comparativos. De qualquer forma tem razão de ser a nota. Mas continuo a dizer que não gosto dessa designação. Estranho que o Robert Boyer use essa expressão. Não está dentro do quadro conceptual da «escola da regulação»
ResponderEliminarTalvez, de qualquer forma podes confirmar em:
ResponderEliminarRobert Boyer, 'French Statism at the Crossroads', in "Political Economy and Modern Capitalism: Mapping Convergence and Diversity" (pp.71-101), editado pelo Colin Crouch e Wolfgang Streeck (Sage, 1997; a primeira edição do livro é francesa, de 1996, sob o título "Les Capitalismes en Europe" pela La Découverte).
um abraço
Hugo
obrigado pela referência.
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