Cresci com os cadernos do
Expresso estendidos pelo chão aos sábados. Foi uma tradição familiar que não continuei. Quando dou uma olhadela, sem pagar, fico estarrecido com a decadência da linha editorial sem fundo. Da legitimação do Estado autoritário neoliberal, de recorte anticonstitucional, ao complexo vira-lata que quase parece paródia, está tudo ligado. E os fascistas do estrangeiro são melhores do que os desta piolheira, ouça.
"E os fascistas do estrangeiro são melhores do que os desta piolheira, ouça."
ResponderEliminarIsto lembra-me: a cultura dos líderes fascistas é irrelevante. Hitler, diz-se, era um ávido leitor com uma grande biblioteca. (Também já li que o único jornal que Hitler lia era o tablóide do Partido Nazi, o Der Stürmer, cujo editor foi executado em Nuremberga pela sua propaganda pró-Holocausto. Se calhar Hitler só tinha os livros para décor e fazer boa figura.) O que interessa é a cultura do eleitor médio fascista. E essa é muito à base de pimbas, schlagers (uma espécie de pimba alemão, que começou especificamente durante a era nazi) e tablóides (ou os sítios da Internet e canais de televisão que os vêm substituir, já que o tablóide ainda é uma leitura demasiado substancial para esta gente).
Da mesma maneira, Ventura tem canudo e até uma tese onde defende o contrário do que defende agora. Mas sempre que fala é de forma simplória e labrega. Porquê? Para apelar aos seus apoiantes médios.