sábado, 2 de novembro de 2024

Sem espessura

 

Cresci com os cadernos do Expresso estendidos pelo chão aos sábados. Foi uma tradição familiar que não continuei. Quando dou uma olhadela, sem pagar, fico estarrecido com a decadência da linha editorial sem fundo. Da legitimação do Estado autoritário neoliberal, de recorte anticonstitucional, ao complexo vira-lata que quase parece paródia, está tudo ligado. E os fascistas do estrangeiro são melhores do que os desta piolheira, ouça.

1 comentário:

  1. "E os fascistas do estrangeiro são melhores do que os desta piolheira, ouça."

    Isto lembra-me: a cultura dos líderes fascistas é irrelevante. Hitler, diz-se, era um ávido leitor com uma grande biblioteca. (Também já li que o único jornal que Hitler lia era o tablóide do Partido Nazi, o Der Stürmer, cujo editor foi executado em Nuremberga pela sua propaganda pró-Holocausto. Se calhar Hitler só tinha os livros para décor e fazer boa figura.) O que interessa é a cultura do eleitor médio fascista. E essa é muito à base de pimbas, schlagers (uma espécie de pimba alemão, que começou especificamente durante a era nazi) e tablóides (ou os sítios da Internet e canais de televisão que os vêm substituir, já que o tablóide ainda é uma leitura demasiado substancial para esta gente).

    Da mesma maneira, Ventura tem canudo e até uma tese onde defende o contrário do que defende agora. Mas sempre que fala é de forma simplória e labrega. Porquê? Para apelar aos seus apoiantes médios.

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