segunda-feira, 11 de março de 2024

Precisamos de refletir


1.
Precisamos de humor e de ironia que corroam sistemas: daquela “equipa fantástica” fizeram parte as sociedades indigentes de comunicação, as que promoveram a extrema-direita, subproduto do neoliberalismo, sem o qual de resto nunca teriam existido. 

2. Precisamos de ter os olhos bem abertos: sociedades indigentes há muitas e os milionários, alimentados por uma forma de economia política neoliberal com décadas, têm cada vez maior capacidade de converter dinheiro em poder político, pagando “stink-thanks”, financiando as direitas cada vez mais extremadas, controlando cada vez mais aparelhos ideológicos. 

3. Precisamos de cultura com fôlego, como no antifascismo histórico, que “ganhe raízes no solo pátrio”, que imagine com luminosidade uma comunidade e o seu povo, que ame essa comunidade e o seu povo solar. 

4. Precisamos de economia política que vá à raiz, que parta do Algarve e que suba por aí acima, que exponha um modelo de desenvolvimento do subdesenvolvimento e o seu círculo vicioso: baixa pressão salarial e austeridade, subinvestimento modernizador, alimentação de fluxos migratórios súbitos, serviços públicos subfinanciados e sobrecarregados, rentismo fundiário e corrupção, ascensão da extrema-direita. 

5. Precisamos de economia moral, ponto de intersecção da tal cultura com fôlego e da economia política radical, ou seja, de um modelo de desenvolvimento, feito por propostas de política, por instrumentos de política soberana a resgatar, que dêem os toques certos e com impactos sistémicos, contando uma história moral de um país plausível. 

6. Precisamos de mais e melhor organização, do YouTube ao sindicato, feita por militantes, ao invés de ativistas, solidária e acolhedora, sabendo sempre que as pessoas só se mobilizam por uma certa ideia esperançosa de Portugal.

3 comentários:

  1. "cultura com fôlego" com o Raimundo?! Por favor. Ou a CDU escolhe os seus melhores, ou então, da minha parte, não desperdiço mais o meu voto na CDU!

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  2. SIm, têm mesmo muito a fazer no Algarve...e no Alentejo! Parece que têm andado distraídos...

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  3. Sim. E precisamos de refletir que não podemos continuar a ter uma postura titubiante em relação à guerra da Ucrânia, só porque temos medo dos média controlados pelos grandes interesses que de todo o modo há muito nos ostracizam. Precisamos de refletir que a guerra está intimamente ligada ao empobrecimento dos povos, do nosso povo, das nossas economias, dos combustíveis às milhares de PME que fecharam portas à conta das sanções que a elite neo-liberal impôs, porque essa elite se está nas tintas para os povos, para o noss, e os políticos do PS para lá não passam de serv entuários dessa mesma ordem neo-liberal, beo-conservadora. Aqui, como por toda a UE. Daí tanto descontentamento, daí a ascenção da extrema direita. Ser contra a guerra não é vergonha, é medalha. Isso tem de ser dito e dito já, antes que outros, oportunistas de última hora, o façam daqui a um ano ou meia dúzia de meses. O voto de protesto no Chega e a quantidade significativa de votos brancos apenas significa um enorme descontentamento com as dificuldades económicas que a guerra trouxe. Talvez que as populações não tenham ainda percebido o nexo causal direto, porque os média as bombardeiam constantemente com a propaganda do costume. Mas a economia está totalmente subordinada à postura de subserviência perante os senhores de bruxelas, os senhores da guerra. Enquanto não o dissermos alto e a bom som, caminharemos para a extinção enquanto força política que defende o trabalho e a vida contra o capital, este capital de miséria e de morte. Para além disso, é necessário agilizar as estruturas partidárias. Os dias do comité central que coloca um Paulo Raimundo, pessoa pela qual tenho imensa estima, em detrimento de um João Oliveira ou de um João Ferreira, na liderança, muito mais carismáticos, não fazem já sentido. Precisamos de mudar internamente, de flexibilizar, de mobilizar com bandeiras que se vejam e que não sejam mais do mesmo. Se não o fizermos, ontem elegemos 4 deputados, nas próximas poderemos não eleger nenhum. É preciso reflectir sobre isto. Concordo.
    David Maia

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