terça-feira, 4 de julho de 2023

Há dez anos


Era lançado, em abril, pela Tinta da China, «Não acredite em tudo o que pensa - Mitos do Senso Comum na era da austeridade». Estávamos em pleno governo da troika e do «ir além da troika» de Passos e Portas, depois de um conjunto de ideias falsas terem contribuído - com a prestimosa ajuda de uma comunicação social avessa a contraditórios - para que a maioria PSD/CDS-PP chegasse ao poder.

A obra coletiva nasceu de um conjunto de debates promovidos desde 2012 pela CultraConversas sobre o Senso Comum»), que procuravam questionar a «natureza aparentemente óbvia das explicações que circulam no espaço público sobre a origem dos nossos males» e que, «por serem repetidas incessantemente, se cristalizam e deixam de ser postas em causa», sendo «a partir delas que se fazem os debates, mas elas próprias nunca [estando] em debate».

Dez anos depois, quantas das falsas ideias feitas que o livro procurou desconstruir («temos vivido acima das nossas possibilidades?»; «o Estado deve ser gerido como uma empresa?»; «baixar os salários é o caminho para a salvação da economia?»; «há professores a mais e alunos a menos?»; «quem pode deve pagar mais pela saúde?»; «a Segurança Social é insustentável?»; «o RSI é um estímulo à preguiça?», entre outras), subsistem ainda na opinião pública? E que novos mitos do senso comum surgiram entretanto, também eles sem o devido espaço de contraditório, pela mão das novas direitas liberais até dizer chega?

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