sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Uma questão de poder


Vale a pena ouvir a entrevista de Bernie Sanders, candidato democrata às presidenciais norte-americanas de 2020, no podcast do liberal Joe Rogan (entrevista completa aqui). Aqui fica um excerto da entrevista, em resposta à ideia de que um aumento do salário mínimo nos EUA para 15$/hora seria insustentável para as empresas:

"O salário mínimo não foi aumentado nos últimos 10 anos, sendo de 7,25$/hora, o que é inaceitável. O custo da habitação está a aumentar rapidamente, as pessoas não conseguem suportar cuidados de saúde ou estudos universitários, e não penso que seja irrealista [aumentar o salário mínimo] nas condições atuais. No fim de contas, tudo se resume ao poder. A agenda política das grandes empresas nos EUA baseia-se em promover cortes na Segurança Social, Medicare e Medicaid, ao mesmo tempo que se eliminam todos os impostos sobre as empresas. É essa a essência da ganância - querer tudo. É por isso que existe uma empresa como a Amazon, detida por Jeff Bezos, o homem mais rico dos EUA com uma riqueza avaliada em 150 mil milhões de dólares, que não pagou um cêntimo em impostos federais sobre o rendimento, à semelhança de dezenas de outras empresas. Além disso, existem biliões de dólares escondidos nas Ilhas Caimão, nas Bermudas, no Luxemburgo e outros paraísos fiscais. E tudo isto é legal porque são estas pessoas que fazem as leis."

17 comentários:

  1. "existem biliões de dólares escondidos nas Ilhas Caimão, nas Bermudas, no Luxemburgo e outros paraísos fiscais. E tudo isto é legal porque são estas pessoas que fazem as leis."

    Biliões?
    Muitos biliões somados tornam-se em triliões...


    "Os super ricos têm 32 triliões nos paraísos fiscais"

    https://www.reuters.com/article/us-offshore-wealth/super-rich-hold-32-trillion-in-offshore-havens-idUSBRE86L03U20120722

    O estudo que chegou a este número usou informação do FMI, Banco Mundial, Nações Unidas e Bancos Centrais.


    E dizem "não há dinheiro"!

    ResponderEliminar
  2. Haver dinheiro há, o problema é mesmo esse, existe dinheiro a mais...

    WW

    ResponderEliminar
  3. Só cá faltava mesmo esta perspectiva ordoliberal de que existe dinheiro a mais em circulação.
    Sonhos húmidos deflacionistas que tão perniciosos têm sido para o crescimento e o emprego.
    Abram a pestana!

    ResponderEliminar
  4. Pergunto a mim mesmo o que saberá este WW de "money supply" da moeda de reserva mundial.
    LOL
    Trump pelo contrário acha que o dólar está demasiado valorizado. E para o seu objectivo de levar de volta aos EUA a produção industrial écapaz de ter razão.
    Mas depois aparecem estas abencerragens ordoliberais...
    LOL

    ResponderEliminar
  5. O problema é existir dinheiro a mais?

    É pá, essa parece uma declaração ao estilo daquele que anda a multiplicar-se. Uma declaração que nada diz e que mistifica a realidade. Melhor dizendo, a aldraba

    Talvez uma segunda tentativa, para perceber o que se denuncia?

    ResponderEliminar
  6. O problema não é haver dinheiro a mais

    Dinheiro a mais têm os super-ricos

    Os que alimentam essa fauna o mais das vezes consegue apenas sobreviver.

    Como qualquer um sabe, que não nos tente impingir demagogias idiotas

    ResponderEliminar
  7. De facto a análise simplista ordoliberal de que "há dinheiro a mais" é válida apenas para os ultra-ricos.

    E a prova é muito simples: Onde está a inflação?

    Como a inflação não chega ao consumidor é óbvio que a criação de moeda através do crédito se está a concentrar em instituições, fundos e empresas que a usam para inchar as valorizações dos activos das elites: Imobiliário, acções e aplicações finaceiras.
    À arraia miúda e ao consumo não chega nada.

    Embora lateral, mas como alguém acima referiu o "money supply" do dólar que é um caso especial, aqui fica um link para um artigo da Frances Coppola que tenta explicar por que razão as tentativas de Trump de enfraquecer o dólar para trazer de volta o emprego não vão resultar.

    https://www.coppolacomment.com/2019/08/the-high-price-of-dollar-safety.html?spref=tw

    Sintomático é que perante a guerra comercial com a China a Google tenha optado por transferir a produção dos seus telemóveis não para os USA mas para o Vietnam.

    https://www.reuters.com/article/us-google-vietnam/google-to-move-pixel-smartphone-production-to-vietnam-nikkei-idUSKCN1VI11L

    A lógica da moeda sobrevalorizada é inultrapassável. Só uns tótós europeístas que por aí andam com múltiplos nicks é que pensam que conseguem aldrabar.

    E parabéns mais uma vez ao Vicente Ferreira por recentrar mais uma vez o debate na "macro" para lá dos fait divers da me(r)dia tuga.

    S.T.

    ResponderEliminar
  8. Foi um comentário muito curto mas penso que o ST quase aflorou bem a questão !
    O que acontece é que existe muito papel impresso que tem muito pouco valor, quase não vale o papel em que está impresso e os valores tangíveis estão cada vez mais concentrados em pequenos grupos de pessoas / empresas e o cidadão comum nada possui ou pode possuir.
    As pessoas hoje não podem aspirar a ter nada seu, tudo o que "têm" é com base no crédito, a cadeia de valor está cada vez mais afunilada para uns poucos e prova disso será a próxima crise, sendo o sinal próximo a não existência de inflação apesar dos triliões impressos.
    A realidade é esta, as pessoas , as famílias vivem para o dia-a-dia , não podem aforrar e mesmo que o pudessem o seu dinheiro nada renderia, apenas e só se evaporaria. Os rendimentos do trabalho têm sido destruídos pela concessão de crédito para esconder a miséria de quem vive do seu trabalho diário.
    Todos sabem onde foi parar o dinheiro emprestado aos bancos antes da crise , gerou apenas dividendos irrealistas para os accionistas com poder de decisão e quando os bancos estouraram foram os contribuintes que não perderam o seu trabalho que tiveram de pagar , seja por maiores impostos seja por diminuição do valor alocado desses impostos ao Estado Social !
    É que caracterizo de neo-comunismo , os "privados" nacionais / transnacionais detêm tudo o que são activos estratégicos dos países e muitas vezes fazem-nos definar ( CTT )e ainda lucram com isso.
    Uma ultima ressalva que muitos têm ignorado é a existência de empresas globais que nada produzem e parasitam / destroem sectores económicos relevantes pelo mundo fora ou então produzem bens de "luxo" que não geram valor para a economia "normal", refiro-me nomeadamente á UBER, Amazon, Google, Facebook, grandes farmaceuticas, industrias agro-quimicas, etc.
    Se no comunismo toda a propriedade era do Estado, no Neo-comunismo toda a propriedade tangível está concentrada em meia duzia de oligopólios transnacionais que actuam em cartel.
    Pensem sobre isto !

    WW

    ResponderEliminar
  9. WW é o tal que disse que o problema é que há dinheiro a mais

    Uma cabotinice de marca maior, com a assinatura neoliberal típica


    Os comentários que se lhe seguiram arruinaram-lhe a doutrina e as manhas

    O que faz o WW?

    ResponderEliminar
  10. Brinda-nos ww com uma série de enchidos para holandês ver.

    Um chorrilho de lugares-comuns para ver se passa. Não sem antes dizer que sim-sim a um comentário, para tentar adquirir a seriedade e a honestidde que lhe falta

    A asnice da sua frase inicial evapora-se. Nem uma palavras sobre o "problema" de haver "dinheiro a mais"


    ResponderEliminar
  11. Mas ww vai mais longe. E, num esforço tão idiota, como desonesto mostra mais claramente ao que vem e por que anda por aqui.


    Falida a propaganda neoliberal em torno do "dinheiro a mais", volta-se ww para as suas definições peculiares sobre o "comunismo". Como aldrabão da feira, tem a suprema lata de caracterizar depois o que ele entende por "neo-comunismo".


    Pobre ww. A idiotia é tão manifesta que nem sequer merece mais do que este apontar galhofeiro que estamos perante um trafulha e um aldrabão. Mas não só.

    Um anti-comunista tão primário e desbocado, que nem sequer merece mais do que uma gargalhada, a acompanhar aquele "pensem nisto" de bispo beato de bolsonaro

    ResponderEliminar
  12. "Pensem nisto"

    E vamos pensar

    Quem é que é useiro e vezeiro em tais processos e em tais idiotices?

    Quem se destaca por estes padrões de desonestidade, típicos duma certa colheita neoliberal?


    O processo da manipulação idiota não faz lembrar a idiotice daquele tipo que jurava que Passos tinha sido o campeão do combate ao desemprego?

    Esse mesmo, o joão aonio eliphis pedro vitor marco pimentel ferreira?

    Ou ww, se preferirem

    ResponderEliminar
  13. Parece que WW apanhou com alguma flak por a sua frase poder ser confundida com a tese ordoliberal do "sound money". :)

    Ao escrito neste último comentário de WW deve-se talvez acrescentar que a presente crise de excesso de liquidez nos circuitos bancários e financeiros foi consequência da necessidade de combater os efeitos da crise de 2008 através de rodadas e rodadas de QE e outros programas de fornecimento de liquidez ao sistema bancário sem os quais todo o sistema bancário teria ruído como um castelo de cartas.

    O que esta liquidez não resolveu foi o subjacente problema larvar da estagnação secular que tem vindo a empobrecer camadas cada vez mais vastas das classes médias ocidentais.

    Talvez se deva explicar por que razão as classes médias e trabalhadores não podem tirar partido do crédito aparentemente barato. Primeiro porque o único investimento tangível acessível ao pequeno aforrador é o imobiliário, e este implica prazos de reembolso longos relativamente ao ambiente de incerteza que se vive. Para um pequeno investidor apanhado por uma subida inesperada das taxas de juro ou uma quebra na valorização imobiliária, tais flutuações podem desencadear a execução de uma hipoteca e representar a perda total de anos e anos de poupança. Por outro lado num regime deflacionista ou de estagnação, os rendimentos do trabalho ou de pequenos negócios em contracção significam dificuldade crescente no pagamento das prestações do empréstimo e riscos de entrar em incumprimento.

    Por isso os regimes deflacionistas favorecem os credores e prejudicam os devedores. No cimo da cadeia alimentar do crédito a situação inverte-se segundo o princípio: "Se eu dever 100€ ao banco tenho um problema. Se eu dever ao banco uns quantos milhões é o banco que tem um problema".

    Como referi algures noutro comentário, Nassin Taleb aponta em artigo as razões porque a próxima crise será devastadora e como provávelmente será desencadeada. É que tudo isto tem o aspecto de um choque de comboios em câmara lenta em que está tudo à espera que alguma ideia genial venha trazer a salvação in extremis. É como naqueles filmes de Hollywood em que é suposto os reforços chegarem no último momento para salvar o herói.

    Entretanto vale a pena referir uma entrevista de Vitor Constâncio ao Spiegel:

    https://www.spiegel.de/international/business/interview-with-former-ecb-vice-president-vitor-constancio-a-1283436.html

    Boas leituras

    S.T.

    ResponderEliminar
  14. Parece que Marx já descreveu há mais de uma centena de anos a evolução do capitalismo com a consequente concentração da riqueza em monopólios e oligopólios
    Dizer que o capitalismo é neocomunismo é sinal de um grande desespero. Umas leituras seriam aconselháveis, mas suspeita-se que este tipo é pago para isto
    Actua em cartel

    ResponderEliminar
  15. Li os comentários com atenção sobretudo aqueles que se deram ao trabalho de rebater com atenção o que entendo ser a realidade.
    Voltando ao ponto, o capitalismo acabou em 2008 a partir do momento em que é permitido a empresas privadas que fizeram asneiras na sua gestão sobreviverem...
    Caro S.T. o Q.E. é posterior aos "empréstimos" dos Estados ao sector bancário, no fundo é imprimir ainda mais dinheiro para ver se o sistema se aguenta no entanto as dividas dos Estados e particulares continuam a aumentar e depois vemos gente empolgada com taxas de juro negativas (o que é isso / é isso possível).
    O sistema actual deve desabar numa qualquer sexta-feira depois das 16h...

    WW

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O pobre ww Pedro aonio eliphis marco joão Pimentel Ferreira leu o conteúdo dos comentários com atenção

      Só de alguns

      Dos outros também leu, mas foge como ê costume ou não estivéssemos a falar do ww etcetcetc

      Pensávamos ter direito a mais algumas explicações sobre o neocomunismo e nada...

      Temos apenas notícias de óbitos. Do Capital e da coluna vertebral do dito cujo

      A Holanda e a Nadia devem-lhe desabar numa sexta-feira,depois das 16h. E também antes.

      Eliminar
  16. @WW

    Diga-me alguma coisa que eu não saiba, embora eu suspeite que perante uma mesma realidade as nossas interpretações sejam diametralmente opostas. ;)

    Se as minhas suspeitas forem fundadas, aí na trollfarm ainda precisam comer muitas couvinhas de Bruxelas antes de me conseguirem dar a volta. LOL

    S.T.

    ResponderEliminar