quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Deriva Perigosa


"Não tivesse estado este sindicato na base de uma greve que foi alvo de uma requisição civil... e alguém acredita que teria sido levantada a questão da sua 'legalidade' - distinta da da sua legitimidade - a PRETEXTO, segundo parece, da 'duvidosa' filiação de uma única pessoa... que até está de saída?

Isto num país em que a liberdade de associação sindical é, antes do mais, a liberdade dos trabalhadores se organizarem definindo o âmbito do seu sindicato. Querem abrir a caixa de Pandora e começar a investigar os filiados dos sindicatos, por esse país fora?

Quem quer ver-se livre de sindicatos que acha indesejáveis trate de os esvaziar, motivando os seus membros a filiar-se em sindicatos que efetivamente respondam aos problemas específicos dos seus trabalhadores... MAS que respondam MESMO!!! E que sejam MESMO CAPAZES de o fazer!

Quem quer que os sindicatos SEJAM MESMO CAPAZES de responder aos problemas dos trabalhadores e pesar na negociação coletiva faça o favor de respeitar o direito à greve constitucionalmente consagrado; e de legislar revogando as normas de caducidade unilateral das convenções coletivas e repondo o princípio do tratamento mais favorável aos trabalhadores! Quem quer que os sindicatos SEJAM MESMO CAPAZES de responder aos problemas dos trabalhadores faça o favor de devolver o Direito do Trabalho à sua nobre função de proteção da dignidade do trabalhador e do trabalho decente - base de equilíbrio das relações laborais.

Depois não se queixem dos movimentos 'inorgânicos'! Lembrem-se do ensinamento de Brecht: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.""

O texto acima é o comentário de Maria Da Paz Lima à notícia Ministério Público pede dissolução do sindicato de motoristas de matérias perigosas.

4 comentários:

  1. Lembrem se dos ensinamentos de Brecht... e do Brexit! É a completa alienação política da classe trabalhadora que torna possíveis os populismos!

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  2. Mas há algum problema com o Brexit?

    Não foi isso decidido há 3 anos e ainda não cumprido?

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  3. Até iria mais longe; é a existência de um PCP como já não há na Europa que torna Portugal na excepção. Por tempos a TINA imperou, imposta ou desejada, ou ambas as coisas, mas houve sempre a acompanhá-la um discurso lúcido de defesa dos trabalhadores e dos seus direitos. Quer pela voz do PCP quer pela dos sindicatos, em especial os da CGTP. O BE acrescentou uma dose de populismo de esquerda e tudo somado garantiu a excepção que é ser exemplo de como resistir à extrema-direita nacionalista e populista que por outros lados impera.

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  4. Tem alguém ou conjunto de pessoas achar se no direito de cobrar algo que outros indivíduos, no pleno exercício das suas liberdades, também elas constitucionalmente garantidas, nunca aceitou pagar?

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