quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Riscos, medos e lutas


É mesmo caso para dizer, como afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares Pedro Nuno Santos, numa intervenção na «Convenção Nacional do Ensino Superior 2030» (7 de Janeiro), que «a educação tendencialmente gratuita não pode ficar à porta do ensino superior» e que «o financiamento deve ser feito mais sob a óptica da universalidade do que sob a óptica da acção social». A defesa do Estado social passa, de facto, por serviços públicos de qualidade, universais e gratuitos. Só assim se garante que ninguém deixa de exercer um direito por carência económica. O apoio social escolar, que continua a ser muito insuficiente e nem sequer impede o abandono da frequência e o endividamento, tem de ser complementar. As políticas de habitação e de transporte, como é referido na mesma intervenção, têm de deixar de estar entregues, em grande medida, ao mercado, recuperando a provisão pública destes bens e serviços.
Sandra Monteiro, As propinas reproduzem as desigualdadesLe Monde diplomatique - edição de portuguesa, Fevereiro de 2018.

O medo. Não o de perder uma eleição, o de não conseguir «reformar» ou o de ver cair os activos que se tem em Bolsa. O medo da insurreição, da revolta, da destituição. Há meio século que as elites francesas já não experimentavam este tipo de sentimento.
Serge Halimi e Pierre Rimbert, Luta de classes em FrançaLe Monde diplomatique - edição de portuguesa, Fevereiro de 2018.

Para lá de excertos dos editoriais, aproveito para deixar por aqui o resumo da edição de Fevereiro:

“Na edição de Fevereiro propomos olhar para a dívida pública portuguesa e a sua gestão, a fim de compreender as consequências dos reembolsos antecipados e da criação de uma ‘almofada financeira’, no quadro da Zona Euro (Eugénia Pires). Destacamos ainda uma reflexão sobre os contornos da política externa do país, perguntando José Manuel Pureza: ‘Quem é o interesse nacional?’. Nuno Dias reflecte sobre os temas do racismo e da violência policial a propósito dos acontecimentos no bairro Jamaica, e Luís Fazendeiro sobre os problemas, ambientais e não só, colocados pelo projecto do aeroporto do Montijo, aparentemente sem ‘plano B’.

No internacional, continuamos a acompanhar a actualidade dos protestos em França, em artigos que focam a repressão crescente e a luta de classes contra uma casta no poder. O Brexit no Reino Unido, com uma via estreita para uma saída de esquerda; a situação no Brasil governado por Bolsonaro, indagando ‘o que querem os militares?’; e a relação actual dos judeus norte-americanos com Israel ou a do movimento social americano com os palestinianos são outros dos destaques desta edição. No continente Internet, olhamos para as receitas da Netflix, no cruzamento das tecnologias de vigilância e da cultura de massas.”

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