A notícia do Público sobre o aumento explosivo das remunerações dos gestores das grandes empresas cotadas na bolsa de valores, num contexto de crise económica e de estagnação salarial, tem que ser enquadrada nas transformações em curso no capitalismo nacional e internacional. Até porque isto não se passa apenas em Portugal.
Estas transformações traduziram-se num aumento do poder dos detentores do capital das empresas e dos gestores de topo que a eles estão intimamente ligados. O aumento do peso dos rendimentos do capital no rendimento nacional e o aumento das desigualdades salariais são assim duas faces da mesma moeda.
O aumento da pressão para a obtenção rápida de lucros a distribuir pelos accionistas, em resultado da maior dependência das empresas dos humores dos mercados bolsistas, acentua duas tendências de fundo: aumento da remuneração dos gestores de topo e estagnação dos salários dos restantes trabalhadores. O actual contexto de desemprego facilita, e muito, este processo.
A estagnação salarial é cada vez mais necessária para conter os custos de empresas que têm de apresentar resultados financeiros satisfatórios a especuladores cada vez mais exigentes e impacientes. Os gestores são principescamente remunerados para atingirem este objectivo e nos grandes oligopólios e monopólios privados nacionais têm-no feito com grande sucesso. Provavelmente à custa de todos nós.
Como sempre o desenvolvimento das desigualdades e a estagnação salarial, com a honrosa excepção dos «assalariados» que ocupam o topo da hierarquia das empresas, são o resultado inevitável de um sistema capitalista cada vez mais internacionalizado e que tem no seu centro instituições onde a liberdade dos detentores de capital é cada vez maior. Até quando?
Até quando?
ResponderEliminarwww.youtube.com/watch?v=KGjTdt2AeGA
leitura obrigatória:
ResponderEliminarhttp://www.monde-diplomatique.fr/2002/03/BITOUN/16301
Bitoun, Pierre (2001). Eloge des fonctionnaires - Pour en finir avec le grand matraquage. Éd. Calmann-Lévy. ISBN: 2702131433.
Parabéns pelos “posts”!
António Ferreira
Obrigado pelas referências.
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