tag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post1977304612939544896..comments2024-03-28T19:59:03.070+00:00Comments on Ladrões de Bicicletas: Pequenas heresias #2: MicrocréditoNuno teleshttp://www.blogger.com/profile/07713327330820459193noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-61474989115412415602011-01-04T17:59:27.094+00:002011-01-04T17:59:27.094+00:00Este comentário foi removido pelo autor.Alexandre Abreuhttps://www.blogger.com/profile/18288783162020090148noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-74309639340729839412011-01-04T17:58:36.013+00:002011-01-04T17:58:36.013+00:00Obrigado pelos comentários. Desta feita, responder...Obrigado pelos comentários. Desta feita, responderei apenas ao Manuel Brandão Alves, por considerar importante esclarecer o meu ponto de vista. Na verdade, talvez devesse eu próprio ter começado por fazer uma declaração de enquadramento, uma vez que há alguns anos dediquei alguns meses a estudar o caso do microcrédito em Portugal no contexto de um projecto de investigação sobre inovação social. Nessa altura, tive ocasião de conhecer com alguma profundidade não só o trabalho da ANDC como também a actuação das instituições financeiras que intervinham na área do microcrédito – tanto em parceria com a ANDC como através de iniciativas autónomas. A bem da verdade, devo dizer que desse contacto me ficaram duas sensações principais: por um lado, o mérito do trabalho da ANDC, principalmente no que se refere à sua abordagem integrada (não se trata simplesmente de emprestar dinheiro, mas sim de criar condições de acesso ao crédito no âmbito de um processo de acompanhamento, motivação e ‘formação’); por outro lado, o apetite com que a banca privada se lançava então sobre um segmento de mercado até então inexplorado, colhendo dividendos em termos de imagem exterior (motivo pelo qual o microcrédito está muitas vezes sob a tutela dos departamentos de marketing e comunicação externa), cobrando taxas de juro acima do normal e, em diversos casos, externalizando para o terceiro sector os custos da selecção e acompanhamento dos clientes. <br />Não sei se isso terá ficado claro na minha posta original, mas, neste contexto, a minha intenção fundamental é argumentar que: i) o microcrédito é uma ferramenta interessante e com provas dadas como resposta a certos tipos de situações de pobreza e exclusão social; ii) porém, não constitui a resposta para todas as situações de pobreza e exclusão social, nem sequer para a maioria; iii) neste contexto, o tipo específico de discurso anti-assistencialista que por vezes acompanha a promoção do microcrédito pode ser bastante perverso (por exemplo, “porque não substituir o rendimento social de inserção por acesso generalizado ao crédito?”); e iv) em muitos casos, o microcrédito constitui mais uma das múltiplas faces do processo de financeirização, através do qual o capital financeiro vai penetrando e dominando um conjunto crescente de esferas da vida social. Pelo que: microcrédito acompanhado de formação e acompanhamento, idealmente a par de iniciativas mutualistas de poupança ou do acesso ao crédito público em condições bonificadas, parece-me muito bem; microcrédito como extensão da teia da dívida aos grupos sociais mais vulneráveis, mediante taxas de juro bastante acima do normal e no contexto do qual a banca ‘fica com a carne’ dos lucros enquanto o terceiro sector ‘rói o osso’ da selecção e acompanhamento, já não me parece nada bem. A maior parte dos casos concretos está algures entre estes dois extremos - de onde o apelo ao questionamento crítico, por oposição ao louvor acrítico e unanimista...Alexandre Abreuhttps://www.blogger.com/profile/18288783162020090148noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-9396231188251466332010-12-18T15:05:43.789+00:002010-12-18T15:05:43.789+00:00Meu caro Alexandre Abreu,
Começo com uma espécie d...Meu caro Alexandre Abreu,<br />Começo com uma espécie de declaração de interesses: fui durante 4 anos Presidente da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC). <br />Dito isto quero agradecer ao Alexandre o texto que nos preparou por, do meu ponto de vista, alertar para algumas das perversões com que podem envolver o microcrédito, nomeadamente, a de se poder pensar que o microcrédito é o instrumento que vai acabar com a pobreza e os riscos por que pode passar o microcrédito por quem dele quer fazer uma espécie de “chá de caridade”.<br />Dito isto, creio que algumas precisões devem ser feitas.<br />Diz o Alexandre:<br />1. O microcrédito “concentra todas as atenções numa única falha de mercado, à qual atribui a responsabilidade pelos problemas de pobreza e exclusão e em cuja superação faz assentar as esperanças de um mundo mais justo e inclusivo”. Se é certo que há uma falha de mercado que é referida com maior frequência, ninguém lhe atribui a responsabilidade exclusiva pelos problemas da pobreza e, também, ninguém tem a expectativa de que o microcrédito baste para acabar com a pobreza. Feliz, ou infelizmente a questão da pobreza é muito mais complexa do que a simples relação de causa e efeito entre falha de mercado – microcrédito – eliminação da pobreza.<br />2. Admitindo como verdadeira a conclusão de que a desigualdade e a exclusão têm a sua génese no “modo de produção” fica sempre a questão de saber o que faremos à pobreza enquanto não chegar o tempo em que vai ser mudado o “modo de produção”.<br />3. O microcrédito “é uma dívida” e se o negócio falha as pessoas ficam em pior situação que a situação de partida. Isso é verdade, mas não será por isso que tudo deve ser feito para que não falhe. E mesmo que um reduzido número falhe com o microcrédito não será essa situação preferível à de falharem todos sem microcrédito?Manuel Brandão Alveshttps://www.blogger.com/profile/14858541547454564441noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-59583510286390027602010-12-17T14:04:39.869+00:002010-12-17T14:04:39.869+00:00Caro Alexandre
Obrigado pelo seu post.
Em todas as...Caro Alexandre<br />Obrigado pelo seu post.<br />Em todas as abordagens da "economia social", "terceiro sector", etc. há, segundo me parece, duas atitudes fundamentais a distinguir/opor:<br />1) De um lado os que, na senda do mutualismo e sindicalismo já do século XIX, consideram que a organização da sociedade em "grupos intermédios" propicia (e na verdade pode mesmo ser uma condição de) uma cidadania mais informada e mais interventiva. Quanto a isto, "pequenas heresias" podem ser rampa de lançamento para "grandes heresias": não esqueçamos que, ao fim e ao cabo, os grandes partidos operários (do SDP alemão e do Labour aos PCs da Eupora meridional, p. ex.) têm uma génese extra-parlamentar, sendo permanentemente suportados (e suportes) de redes de associações (sindicatos, cooperativas...) pululando à sua volta.<br />2) Do outro, os que nos "grupos intermédios" sempre viram uma saída que possibilitasse a manutenção do mundo operário (e mais amplamente dos pobres em geral) adentro dos limites da sociedade "ordeira". Se para os primeiros a organização da "sociedade civil" é pensada como um potenciador da intervenção num patamar mais "elevado", político, para os últimos ela é um sucedâneo ou uma "diversão", destinando-se precisamente a inibir a tal intervenção mais politizada.<br />Mais recentemente, a conversa sociológica à la Giddens, com a sua tese de que o aumento da "reflexividade" impede ou inibe a vida política correspondente ao exercício da "liberdade positiva" (a autodeterminação colectiva, democrática), insere-se com facilidade no segundo grupo, acrescentando-lhe um toque de "capital social" (e correspondente ideário "comunitarista") complementado ainda por um análogo da tese das "expectativas racionais" à la Robert Lucas: o que o Estado quiser fazer, os agentes privados acabam por desfazer directa ou indirectamente, pela sua tal correcção permanente de actuações em nome da "reflexividade"/"racionalidade". Em todo o caso, a conclusão é: futilidade fundamental do que o Estado fizer. O melhor a fazer é, em suma, não fazer nada...<br />O discurso do Alexandre, virando às avessas o argumento da "futilidade", leva-o a afastar-se da segunda versão... e a aproximar-se assim implicitamente da primeira.<br />Mas note: isto, claro, na minha modesta opinião de "diletante de coxia"...João Carlos Graçanoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-37840565650847696102010-12-16T14:17:20.207+00:002010-12-16T14:17:20.207+00:00Há já estudos publicados que demonstram que o micr...Há já estudos publicados que demonstram que o micro-crédito não reduz a pobreza. Na Índia, também já há sérios problemas com agiotas destes bancos, que cobram juros altíssimos e recorrem frequentemente à violência para cobrar dívidas. Mas também quem é que acredita que se resolve o problema da pobreza dando crédito aos pobres?Ricardo S. Coelhohttps://www.blogger.com/profile/08045393736011177554noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4018985866499281301.post-36620298824638085182010-12-15T19:11:24.765+00:002010-12-15T19:11:24.765+00:00Alem do mais, juros de 20% ou mais nao sao assim t...Alem do mais, juros de 20% ou mais nao sao assim tao "desinteressados" e fomentadores do desenvolvimento. Seria interessante saber quantas pessoas se afundaram em dividas com estes equemas.<br />http://en.wikipedia.org/wiki/Grameen_Bank#CriticismJMnoreply@blogger.com