Público, 4/7/2012
Há dez anos, o Governo era agitado por mais um drama.
Já não bastava o facto de estar a ser passado um rolo compressor
sobre o que era rendimento dos trabalhadores, no activo e na reforma,
como ainda por cima, tudo indicava que havia muitas coisas que se
passavam na penumbra dos bastidores. E que revoltava. Era como se a par desse estado de emergência, os pequenos promovidos aproveitavam-se do sistema de excepção para o qual tinham trabalhado. Era o caso que Jerónimo de Sousa associou ao que vivera nas suas origens, quando havia uns "doutores da mula ruça".
Relvas tinha sido, próxima dessa altura, objecto de uma intervenção da Entidade Reguladora da
Comunicação Social por, a 18/5/2012, ter feito ameaças a uma jornalista do jornal Público de que revelaria na internet aspectos da sua vida privada se continuasse a
apresentar perguntas sobre os serviços de informação. O caso caiu no
domínio público e a ERC foi forçada a intervir. Mas de lá, nada saiu de relevante (ver no ponto 2 apresentação do caso e decisão): O conselho da ER acabou por não dar como provada a ameaça. A jornalista perdeu o emprego: demitiu-se por falta de solidariedade da direcção editorial do jornal que, segundo a nota da ERC, "afastou o cenário de pressão ilícita" e que acabou mesmo por publicitar nas páginas do jornal os aspectos que o ministro ameaçara divulgar.
Público, 8/7/2012 |
E além desse caso, ainda pairavam, na altura, rescaldos de casos menos políticos gerados no tempo do Cavaquismo...
O conforto das memórias trabalhadas com propaganda e distorções à medida, como conforto para quem a realidade do quotidiano é em excesso inconveniente.
ResponderEliminarO sô Zé não dorme.
ResponderEliminarCaro José,
ResponderEliminarNão sei porquê, mas parece-me que as memórias do passado o incomodam - e com razão! - bem mais como um "excesso inconveniente" do que eventualmente "a realidade do quotidiano" que, afinal, nunca deixa de entroncar nesse eterno passado.