sexta-feira, 20 de março de 2020

FMI: velhos hábitos que parecem não morrer

O FMI publicou hoje um relatório sobre o cenário económico em Itália. Os relatores começam por expressar solidariedade com a população e as autoridades italianas e apoiar a intervenção do governo, que avançou com um pacote financeiro de 25 mil milhões de euros para ajudar famílias e empresas e responder à crise que o país atravessa.

É por isso que é ainda mais difícil compreender as recomendações que se seguem: "Assim que a crise de saúde passar, os diretores sublinham a necessidade de implementar um pacote abrangente de medidas [...] Este deve incluir reformas estruturais para aumentar a produtividade e o investimento, e um compromisso credível de consolidação orçamental de médio-prazo para colocar a dívida pública numa trajetória descendente."

Traduzindo: o governo italiano tem de compensar os gastos no presente com austeridade e reformas estruturais (leia-se, flexibilização do mercado de trabalho e enfraquecimento da posição do trabalho) no futuro. O FMI insiste nas medidas de austeridade que agravaram a última crise na Europa, como foi reconhecido por economistas do próprio organismo. Defender que os Estados apertem o cinto depois de conterem o vírus é a garantia de que a crise de saúde pública se transforma numa profunda recessão económica e que serão os mais fracos a pagá-la. Esperemos que os governos tenham a lucidez que falta ao FMI e rejeitem este caminho.

3 comentários:

Jose disse...

Adubar tudo a papel-moeda e crédito… caminho de futuro?

Há aquela historieta dos recursos do planeta, mas isso é matéria de animação escolar que não atinge os que se finarão a tempo e horas.

Geringonço disse...

Mas têm dúvidas que as mesmas organizações supra-nacionais "independentes" e anti-democráticas vão, depois que a crise do Covid19 termine, voltar às receitas do costume?

Neoliberais estão descredibilizados mas o regime neoliberal ainda é o regime dominante...

É por isso que esta crise tem que ser aproveitada para educar a população, basta desta farsa do "não há dinheiro"!

PauloRodrigues disse...

Medidas pró-ciclicas é a receita do fmi.
A receita para o desastre.
Desastre muito aguardado pelos ianques.
De onde vem o fmi?