terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Leituras para recuperar

Sem propriedade pública de sectores estratégicos é sempre muito mais difícil subordinar o poder económico ao poder político, os interesses de alguns às necessidades de todos. Passados quatro anos, a situação dos serviços prestados pelos CTT degradou-se de tal forma que obriga a repensar, não apenas o contrato de concessão, despudoradamente incumprido pela administração da empresa, mas a própria propriedade dos Correios (...) O que pode ser feito para recuperar os CTT? É hoje evidente que reverter cortes de salários e pensões é muito mais fácil do que reverter privatizações e outras engenharias neoliberais como as parcerias público-privadas. Algo a reter quando chegar a próxima vaga privatizadora… Esta maior dificuldade acontece em parte porque, justamente, o Estado dispõe de instrumentos públicos muito mais seguros para actuar sobre os salários e as pensões. E porque, se em relação aos cortes que sobre eles incidiram existe um histórico constitucional e jurídico consolidado em períodos de correlação social de forças mais favorável aos trabalhadores e ao público, já no que diz respeito às privatizações os poderes públicos enfrentam uma máquina jurídica e um ambiente político e institucional (com escala internacional) muito mais adverso. Isto não significa, antes pelo contrário, que devam ser postas de lado as questões sobre as quais a sociedade tem de pensar colectivamente para encontrar maneiras de resolver situações lesivas e que todos reconhecem ser insustentáveis. Neste caso, e tendo em conta os meios de que as administrações de empresas estratégicas como os Correios dispõem para continuar a saqueá-las, para as destruir privando-as dos seus maiores recursos – os trabalhadores –, e para desvirtuar as suas missões estratégicas orientando-as apenas para lógicas mercantis e de distribuição dos dividendos pelos accionistas, não parece haver uma solução para recuperar os CTT que não passe pela sua renacionalização.

Sandra Monteiro, Recuperar os CTT, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Janeiro de 2017.

17 comentários:

  1. Os únicos instrumentos que faltam ao Estado é o dinheiro e um mínimo de bom-senso.

    Cria uma caterva de organismos que fazem porra nenhuma para fiscalizar e avaliar aquilo que lhes dá o ser. Apesar disso sempre se diz que se em vez de fiscalizar e avaliar o Estado tiver uma legião de funcionários bem pagos logo fará tudo bem. É no que acaba a ´política de esquerda': despejar salários tudo resolve.

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  2. Ó olharapo José:
    Desta vez concordo contigo.
    Os privados é que funcionam bem.
    Olha nos CTT, tiveram apenas 62,2 milhões de euros mas vão distribuir aos accionistas 72 milhões – deve ser por isso que os serviços postais estão cada vez melhores!
    Lê o artigo abaixo, do Jornal de Negócios, ficas completamente elucidado sobre a treta da converseta das esquerdas.
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    Dividendos agravam dívida das cotadas», assim titulava o insuspeito Jornal de Negócios, um esclarecedor artigo.
    «As cotadas nacionais abriram os cordões à bolsa este ano para pagar dividendos. Mas essa maior generosidade foi um dos factores que levaram a um aumento da dívida líquida dos primeiros seis meses do ano. Subiu mais de 8%, aumentando em mais de 2.000 milhões de euros para 26.300 milhões, tendo em conta as 14 empresas do PSI-20 que já prestaram as informações financeiras. (…) Distribuíram cerca de 2.200 milhões de euros, mais 20% que no ano anterior. E isso pesou na evolução da dívida.»
    A notícia dá depois exemplos: EDP, mais 1000 milhões de euros; Navigator, mais 100 milhões; EDP Renováveis, mais 355 milhões; REN, mais 100 milhões.
    Registe-se que a informação não é propriamente uma novidade. Tal já aconteceu em anos anteriores, mesmo quando o país estava sob a ditadura da Troika e do governo PSD/CDS, com trabalhadores e pensionistas a serem roubados nos seus rendimentos.
    Parece que as grandes empresas, contrariamente à generalidade das PME e das famílias, não estão a reduzir o seu endividamento! Estão a aumentá-lo! E não contraem mais dívidas, para suportar investimento e assim melhorar/modernizar/ampliar a capacidade produtiva nacional!
    Não é por acaso que a produtividade agregada (valor médio das produtividades dos sectores da actividade privada) se mantém estagnada. Não há investimento privado. Logo, não há novos equipamentos e tecnologias. Não há inovação. Não se melhora a gestão nem a organização do trabalho.
    Investimentos para melhorar a produtividade das empresas? Com o «nosso dinheiro»? Não. Para isso há os fundos comunitários do Portugal 2020, que os governos (este e todos os anteriores) distribuem generosamente pelo grande capital nacional e estrangeiro.
    Sempre sobrarão umas migalhas para as PME e necessidades públicas. Mas cuidado, diz o grande capital. O Estado está sentado à mesa do orçamento e a comer demais desses fundos… que todo, é pouco para nós! O nosso apetite é pantagruélico! É por isso que precisamos também de novas reduções do IRC, e etc… para que não precisemos de nos endividar para pagar bons dividendos!
    Sim, endividam-se para pagar mais dividendos, mais remuneração aos accionistas, aos donos do capital. Ou seja, pagam um volume de dividendos superior aos lucros arrecadados. Onde aconteceu isso? Com «gestores de topo» e «empresas modelo».
    Na Sonae Capital: lucros, 18,7 milhões de euros, os accionistas vão receber 25 milhões. Nos CTT: lucros, 62,2 milhões de euros, vão distribuir aos accionistas 72 milhões – deve ser por isso que os serviços postais estão cada vez melhores!
    Um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros! Não querem esmolas, aumentos indexados à taxa de inflação ou da evolução do IAS. Não! Mais 20% nos dividendos. Por extenso: vinte por cento!»

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  3. Manelzinho impressiona-se com o endividamento das cotadas e dividendos aos accionistas.

    Se eu fosse acionista e soubesses que aumentar lucros poderia agravar o IRC, trataria de os baixar e meter algum ao bolso antes que mo sacassem.
    É claro que há aquela coisa esquerdalha que quer que um capitalista se ponha a jeito de ser espoliado, mas duvido que haja voluntários para esse peditório.

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  4. Ó olharapo José:
    Tu és daqueles que, no metro, se um pobretanas se esfregar por ti num aperto de entrar ou sair, ficas muito incomodado.
    Mas se um capitalista te enrabar ficas contentíssimo.
    Gostos.

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  5. Manelzinho logo virá chungoso assim não lhe aparem as imbecilidades.

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  6. Este texto sobre os negócios esconsos das coutadas, perdão das cotadas, deixa de rastos Jose

    De tal forma que duma assentada o desmascara, o desmente, deita por terra uma mão-cheia de lugares-comuns debitados por Jose e leva-o a contradizer-se a ele próprio

    E vemos Jose a fazer de polícia bom nas horas pares. E de polícia mau nas horas ímpares.
    Ou de ladrão bom e de ladrão mau. (Quiçá de pide bom e de pide mau, porque foi até agora o único individuo que por aqui defendeu esses bandalhos)

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  7. Debitava jose nem há meia dúzia de dias:

    "Ter que o ganhar antes de o comer é coisa muito de direita."

    Chato. O artigo sobre as coutadas, perdão, sobre as cotadas, desmente categoricamente Jose

    O paradoxal é que Jose, na sua pressa de, vem confirmar que o dito por ele próprio afinal não passa de uma treta. Uma treta pretensamente moralista e falsa. Género propaganda salivada à pressa para consumo interno

    Afinal é o próprio Capital que enfarda antes de o ganhar.

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  8. Mas a coisa continua no risível, obrigando jose a fazer-se de lucas

    "soubesses que aumentar lucros poderia agravar o IRC, trataria de os baixar"

    Baixar os lucros?

    Mas o que se denuncia não são só as sacanices habituais entre tais gentes.

    O que se afirma de forma lapidar é que as coutadas, perdão, as cotadas promoveram um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros.

    Endividam-se para pagar mais dividendos. ENDIVIDAM-SE

    BUMMMMMM! Submarino empresarial ao fundo. E com ele a treta doentiamente repetida e ideologicamente papagueada sobre a dívida e os seus fautores.

    "As cotadas nacionais abriram os cordões à bolsa este ano para pagar dividendos. Mas essa maior generosidade foi um dos factores que levaram a um aumento da dívida líquida dos primeiros seis meses do ano. Subiu mais de 8%, aumentando em mais de 2.000 milhões de euros para 26.300 milhões, tendo em conta as 14 empresas do PSI-20 que já prestaram as informações financeiras. (…) Distribuíram cerca de 2.200 milhões de euros, mais 20% que no ano anterior. E isso pesou na evolução da dívida.»"

    São os próprios das coutadas, perdão, das cotadas, que promovem o crescimento da dívida privada. A transferir depois para dívida pública?

    Para que estes tipos possam ter mais e salivar ainda por mais

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  9. Mas há mais.

    Deixemos para lá o choradinho do capitalista inexistente que se põe a jeito para ser espoliado (e outras tretas do género.)

    Há tempos quando confrontado com a miséria do nosso tecido empresarial e o seu grau de educação, Jose alinhava por outro diapasão. Queixava-se exactamente do contrário.Que tal mediocridade permitia que os pobres patrões incultos fossem ultrapassados pelos finórios dos trabalhadores.

    A mediocridade anda assim a par desta mudança argumentativa de acordo com o nível de propaganda

    Mas Jose fala na sua condição putativa de "accionista". E diz que se soubesse que aumentar lucros poderia agravar o IRC, diminuiria os lucros"

    Mais uma vez Jose faz-se de lucas. Esta actividade das coutadas, perdão das cotadas, não é de agora, nem da modificação legislativa que lhe estraga as negociatas e o argumentário.

    Repete-se para que jose apreenda como se pode ser tão aldrabão e falho de carácter:

    "Registe-se que a informação não é propriamente uma novidade. Tal já aconteceu em anos anteriores, mesmo quando o país estava sob a ditadura da Troika e do governo PSD/CDS, com trabalhadores e pensionistas a serem roubados nos seus rendimentos.

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  10. Há mais.

    Jose é um persistente adversário do salário mínimo. Da sua subida. Passa o tempo a praguejar contra os aumentos salariais e defendeu e defende de forma acesa e sem rebuços os roubos de salários e de pensões.

    Fala daquela forma que o caracteriza no aumento da produtividade. E doutras tretas harmónicas, como por exemplo a moderação salarial e a legislação laboral

    Refila e pragueja contra aumentos de um punhado de euros

    E no entanto para as coutadas.perdão para as cotadas, é o que se vê

    "Um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros! Não querem esmolas, aumentos indexados à taxa de inflação ou da evolução do IAS. Não! Mais 20% nos dividendos. Por extenso: vinte por cento!"

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  11. O policia bom, moralista face ao mundo do trabalho , perde as estribeiras quando vê o saque ser posto em causa.

    Revela a sua verdadeira face

    "Se isto não é viver, ou melhor, sacar «acima das possibilidades», o que será? Lata! Uma grande lata quando na praça pública despejam tecnocráticos ou moralistas discursos sobre a necessidade da moderação salarial e de acabar com a «rigidez da legislação laboral»."

    Mas que acabam,irados, por confessar as pulhices que praticam.

    Desta forma tão graciosa como desconexa

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  12. Sem dúvida que que a acção da esquerdalhada visa corromper os valores que fundam o capitalismo.
    Nunca produziram um sistema alternativo que sirva com vantagem de padrão, mas há que reconhecer que quer por reacção de autodefesa quer pela promoção do seu materialismo amoral alguma corrupção promoveram e promovem.
    80 anos de sovietismo imperialista deixaram herdeiros e seguidores que mantêm a missão.

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  13. Debitava jose nem há meia dúzia de dias:

    "Ter que o ganhar antes de o comer é coisa muito de direita."

    Chato. O artigo sobre as coutadas, perdão, sobre as cotadas, desmente-o categoricamente.

    Confrontado com as suas próprias tretas o que faz jose?

    Debita agora isto:
    "Sem dúvida que que a acção da esquerdalhada visa corromper..."

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  14. Debitava jose:

    "soubesses que aumentar lucros poderia agravar o IRC, trataria de os baixar"

    Ora o que se afirmava de forma lapidar é que as coutadas, perdão, as cotadas promoveram um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros.

    Endividam-se para pagar mais dividendos. ENDIVIDAM-SE

    Foi confrontado jose com as suas papagueadas e habituais tretas sobre a dívida e os seus fautores.

    Como responde jose ao facto de serem as próprias coutadas, perdão, cotadas, que promovem o crescimento da dívida privada?

    Desta forma singela:

    "Nunca produziram um sistema alternativo que sirva com vantagem de padrão"


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  15. Debitava Jose, na sua condição putativa de "accionista que, se soubesse que aumentar lucros poderia agravar o IRC, diminuiria os lucros".

    Confrontado com o que diz que não passa de treta, já que esta actividade das coutadas, perdão das cotadas, não é de agora, nem da modificação legislativa recente, o que faz então Jose?

    Assumidamente de forma piegas diz esta pérola:

    "há que reconhecer que quer por reacção de autodefesa quer pela promoção do seu materialismo amoral"

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  16. Jose é um persistente adversário do salário mínimo. Da sua subida. Passa o tempo a praguejar contra os aumentos salariais e defendeu e defende de forma acesa e sem rebuços os roubos de salários e de pensões.

    Perde as estribeiras quando lhe falam de aumentos salariais nem que estes estejam reduzidos a um punhado de euros. Esgrima com a produtividade e com a moderação salarial e com a lei laboral

    É jose confrontado que o que está em causa é "um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros!Que não querem esmolas, aumentos indexados à taxa de inflação ou da evolução do IAS. Não!Querem mais 20% nos dividendos. Por extenso: vinte por cento!"

    Como "responde" Jose?

    Desta forma a "galope":

    "alguma corrupção promoveram e promovem".

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  17. Jose foi um paladino troikista. Um paladino entusiasmado, empenhado, mas simultaneamente grosseiro e caceteiro das políticas neoliberais em uso. Porque também buscava outra coisa, a revanche com Abril.

    Jose proclamou até à exaustão o discurso bolorento oficial e oficioso que os trabalhadores viviam acima das suas possibilidade.

    Jose agora mais uma vez é confrontado com o exemplo tipificado das coutadas, perdão das cotadas, de forma frontal e precisa:

    "Se isto não é viver, ou melhor, sacar «acima das possibilidades», o que será? Lata! Uma grande lata quando na praça pública despejam tecnocráticos ou moralistas discursos sobre a necessidade da moderação salarial e de acabar com a «rigidez da legislação laboral»."

    No entanto, quando de cabeça perdida, acabam, irados, por confessar as pulhices que praticam.

    Como responde jose a "isto"?

    Desta forma tão graciosa como desconexa:

    "80 anos de sovietismo imperialista deixaram herdeiros e seguidores que mantêm a missão".


    De facto, um autêntico mimo.

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