Em Portugal, a única classe social que pode ser mencionada sem se perder a respeitabilidade no debate público ainda é a famosa, e convenientemente parda, classe média. É como se todos fizessem parte dela. O problema é que de vez em quando a inconveniente realidade, trazida pela mão de jornalistas atentas, impõem-se à sabedoria convencional: 1000 famílias que mandam nisto tudo (e não pagam impostos), título de um imprescindível artigo de Elisabete Miranda, ilustrando o chamado Estado fiscal de classe. Este não é o da tal média, sendo antes, uma vez mais, o Estado a que chegámos, sempre tão selectivamente permissivo, no capitalismo neoliberal realmente existente.
Duvido que não vivesse muito bem com os impostos pagos por cada uma dessas mil famílias.
ResponderEliminarPodem não os pagar cá, na terra dos assanhados igualitários, mas seguramente que os pagam.
Mas são sem dúvida um belo emblema para a campanha moralista que diz aproximadamente o seguinte:
'Quanto mais poupes mais pagas, quanto menos poupes mais recebes.'
O curioso é que essas gentis famílias que não pagam cá os impostos mas "honestamente" os pagam em outros sítios (se é que pagam, o que se torna à partida duvidoso e está longe de ser dogma de fé) são normalmente aquelas que defendem os valores de Deus, Pátria e Família. Mas tenho cá para mim que aquele que realmente os move é o da família, e que a pátria, hoje como ontem, é apenas um chavão de que se servem para defender os seus interesses. Quanto a Deus, bem aí não me pronuncio, mas tem servido para justificar tudo, o bom e o mau, tornou-se neste contexto uma irrelevância.
ResponderEliminarda forma como o assanhado Jose defende o indefensável devem ter-lhe aumentado a ração
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