«O "gap" entre a lista Varoufakis e a receita tradicional dos credores oficiais é impossível de fundir. Ponto. Não é um problema "técnico" de mais detalhes e mensuração como publicamente se reclama.
Os gregos têm red lines; e onde podem politicamente recuar têm-no feito. E já anunciaram fazer mais algo (privatizações por exemplo, onde poderão ir mais longe do que politicamente «imaginavam» antes de chegar ao poder, tanto mais que o investimento direto estrangeiro de investidores estratégicos lhes interessa; excedente primário orçamental de compromisso; gestão gradualista das medidas laborais). Mas não poderão entrar no tradicional de mais "desvalorização interna" e excedentes primários "excessivos", e privatizações sem malha mais fina.
Resta de facto aos credores oficiais, se o "bom senso" imperar (e não continuarem à espera de um golpe palaciano de "remodelação da coligação"), "simplificar e emagrecer" o que querem (como disse o insuspeito Thomsen) e encontrarem um acordo político de última hora (apesar da Madame Lagarde dizer que não, não e não) entre os chefes das três "instituições" e mais o diretório das potências da zona euro (vai mais uma mesa redonda?), se querem a Grécia no euro e dentro da lógica geopolitica da Comissão Europeia e da Alemanha. Se não quiserem, não empatem - e, como disse ontem Mario Draghi, entremos em "mar incógnito", dantes nunca navegado.»
Jorge Nascimento Rodrigues (facebook)
Na passada quinta-feira, numa declaração à Reuters (que o José Gusmão fez o favor de traduzir), Alexis Tsipras sublinhava que, das intensas negociações entre as partes, subsistiam quatro pontos de desacordo e que os mesmos não resultavam de qualquer «fraqueza técnica» mas sim de um efectivo «desacordo político» (no campo «das relações laborais, do sistema de Segurança Social, do aumento do IVA e da lógica de desenvolvimento da propriedade pública»).
Eu ainda sou do tempo em que o presidente da Comissão, Durão Barroso jurava a pés juntos que os governos nacionais é que eram responsáveis pelas medidas de austeridade que aplicavam, e não a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu ou o Fundo Monetário Internacional, que apenas actuavam no quadro do mandato de que dispunham. Pelos vistos a farsa, que dissimula a chantagem, não se alterou.
Concordo totalmente com este post.
ResponderEliminarO "gap" entre a lista Varoufakis e a receita tradicional dos credores oficiais é impossível de fundir, se o problema não é 'técnico', se as duas partes têm red lines e já recuaram o que podiam (ou queriam) recuar é tempo de deixar de empatar.
De resto, como bem têm defendido alguns economistas portugueses, a saída do Euro não é uma catástrofe, antes é a única solução possível para re-ganhar a soberania e entrar no caminho do desenvolvimento económico. Não percebo portanto a hesitação do governo Grego.
O 'gap« da Grécia é entre o que produzem e o que querem consumir.
ResponderEliminarÉ tão técnico quanto a aritmética o pode ser, e tãio político quanto deixa de fora o pagamento dos credores.
O problema agrava-se porque fora do quadro europeu só investe na Grécia quem for suicidário.
E de acordo com o que se vê por fora não há restrições para quem decide com o dinheiro próprio.
ResponderEliminarSe não gosta a porta por onde se entrou irá ser a mesma para ser independente. Nesses mares depois do cabo das tormentas até poderá haver bonança; o que nos irá ajudar a decidir sobre a saida ou não do euro; enquanto vemos a barbas do vizinho a arder vamos pondo as nossas de molho.
Parece que o problema da Grécia é entre o que produzem e o que querem consumir?
ResponderEliminarIsto é a sério?
Um personagem completamente enfeudado à troika,enjoativamente assumido patrocinador dos jogos anti-patrióticos, servidor fiel dos grandes interesses económicos e admirador nauseante do miguel de vasconcelos, afirmava sobre Portugal que a dívida era consequência da gesta gloriosa de Abril e que quem tinha contraído a dívida eram as gerações bem anteriores às que a estavam a pagar.
A aldrabice a a manipulação ideológica é notória, permitindo ver até onde vai a desonestidade abastardada o fundamentalismo ideológico próximo da propaganda alemã do século passado
Agora eis que nos surge a Grécia convertida a este limitado sound-byte.
(deixemos de lado a ignorância bacoca sobre a aritmética e a técnica)
Parece que duma leva de directores do FMI só um ainda não está incriminado por corrupção.
Os credores gostam muito de tipos assim.Como dos directores do FMI e como do candidato jose
De
Fez o pleno, José. Três afirmações, três falsidades. Vamos à primeira:
ResponderEliminar«O 'gap« da Grécia é entre o que produzem e o que querem consumir.» Falso. Presumo que saiba a diferença entre o PIB e o PNB. Não sabe? O PIB (Produto Interno Bruto) mede a riqueza que um país produz internamente; o PNB mede a riqueza de que um país dispõe para investir ou consumir. Quando o PIB é superior ao PNB, o país em causa está a transferir mais riqueza riqueza para os outros países do que os outros países para ele. Foi o caso da Alemanha até 2002, data da entrada em funcionamento do euro.
Quando o PNB é superior ao PIB, o país está a receber mais riqueza do que transfere para outros países. Foi o caso da Grécia (e de Portugal) até 2002.
A partir de 2002, a situação inverteu-se: o PNB alemão ultrapassou o PIB e a Alemanha passou de contribuinte líquido a beneficiário líquido. São dados da Comissão Europeia. Na Grécia (e em Portugal) o PNB desceu até ficar abaixo do PIB: a Grécia passou de beneficiário líquido a contribuinte líquido. Este processo acentuou-se drasticamente a partir de 2010, com as políticas de austeridade.
Qual foi o factor que determinou esta reviravolta? A introdução do Euro. O enriquecimento da Alemanha à custa do empobrecimento do Sul da Europa já vai em milhões de milhões de euros, e continua a aumentar.
Vamos à segunda:
«É tão técnico quanto a aritmética o pode ser, e tão político quanto deixa de fora o pagamento dos credores.»
Falso. O que havia de técnico ou de aritmético nas divergências entre a Grécia e os credores já está mais que identificado e resolvido. O problema agora é político, ou seja, saber quem ganha e quem perde poder. A União Europeia está apostada em que a banca e os seus lóbis ganhe ainda mais poder e as classes médias europeias o percam. O governo grego quer o contrário, primeiro para o seu país, e depois para toda a Europa. É pura política, porque na aritmética e na ciência económica já não é possível negar que os gregos são quem tem razão.
Terceira falsidade:
«O problema agrava-se porque fora do quadro europeu só investe na Grécia quem for suicidário.» Também eu pensava assim, mas estava tão obviamente enganado que tenho vontade de dar pontapés a mim próprio. A dívida grega é um investimento arriscado, mas por isso mesmo é mais rentável. Há dias o meu banco avisou-me que tinha vencido um fundo em que eu tinha investido há vários anos. Verifiquei que o seu valor tinha mais que duplicado, com taxas de rentabilidade mais alta nos últimos anos - em plena crise - do que nos anos anteriores. Razão deste aumento? A aplicação de uma parte do capital em dívida grega. Não investe na Grécia quem é suicidário: investe quem procura um retorno alto e está disposto a correr os riscos correspondentes. Suicidário seria investir só na Alemanha (por exemplo) a juros negativos, isto é: pagando taxa de estacionamento por ter lá o dinheiro.
Ou o José não percebe patavina de Economia, ou sofre de cegueira partidária, ou tem uma daquelas mentes cândidas e crédulas que acreditam nos comentadores económicos das televisões. Deus lhe conserve a inocência, mas por favor não se meta a investir dinheiro.
Caro José Luíz Ferreira:
ResponderEliminarUma óptima contribuição.
(infelizmente a questão do sr jose não passa de todo pela inocência)
De
Torna-se evidente que o sr. José sofre de cegueira partidária.
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