Somos uma das economias mais frágeis da Europa e não estávamos preparados para ter uma moeda forte, como o euro. Desde que aderimos à moeda única, o crescimento económico tem sido menorizado em favor da consolidação e andámos numa dieta de iô-iô: o défice aumenta, temos de o reduzir, abalando a economia real. O próprio Governo não tem pensado correctamente em termos económicos. Quando o executivo traçou as metas para o défice, devia ter tido a noção dos custos, visto que a austeridade vai afectar a principal componente do crescimento económico nacional - o consumo privado. Isso implicaria ter feito uma escolha para, dentro do quadro europeu, apoiar de todas as formas possíveis o sector exportador. Seria preciso surgirem políticos que dessem um sinal de sacrifício e esperança: consolidação, por um lado, e crescimento, por outro.
Recupero um excerto da entrevista que a economista Manuela Arcanjo deu a Ana Rita Faria do Público na semana passada. Há passagens da entrevista que reflectem a dificuldade em romper totalmente com a sabedoria económica convencional, com o moralismo das finanças públicas, com a ideia de que o sector exportador pode ser o único motor do crescimento, mas, entre outras, a metáfora do iô-iô é bem apanhada e a menção ao papel do euro também. No fundo, Arcanjo sabe o que nos conduziu a este buraco e o que está a cavá-lo. É claro que Manuela Arcanjo teve responsabilidades nesta área, como secretária de estado do orçamento na segunda metade da década de noventa, quando os célebres critérios de convergência nominal já estavam em vigor, rumo a uma moeda única sem instrumentos decentes de política económica, uma moeda que até parece que foi feita para acentuar desequilíbrios graças também aos mercados financeiros liberalizados e ajustamentos recessivos para desgraça do mundo do trabalho. Tudo começou, aliás, em 1992, na cidade de Maastricht, mas sobre isto a sabedoria convencional evita falar. Lembro também a moda das parcerias público-privadas, das privatizações como se não houvesse amanhã, da forma como liberalizações comerciais destrutivas foram aceites nessa década. Um euro disfuncional serviu para justificar todas estas opções liberais. Agora, depois de uma década perdida, será que este euro justifica sacrifícios cada vez mais intensos, ainda por cima tão desigualmente repartidos?
e não estávamos preparados para competir tendo uma moeda forte, como o euro.
ResponderEliminarMantiveram-se os mesmos esquemas de quando se tinha o escudo, ou seja aumentava-se salários mesmo que a produtividade baixasse
sem o mecanismo soarista-cavaquista de desvalorizar a moeda sempre que se aumentava o zé pagode
Desde que aderimos à moeda única, o crescimento económico tem sido menorizado em favor da consolidação...consolidação de quê?
fala-se disso
mas nunca se tentou consolidar nada
de resto o que se queria era a convergência com a média do PIB per capita europeu
só a burrocracia que tem aumentado desde que se deu a digitalização
consome milhões
declarações de oposição de concursos que têm de ser entregues em papel
recibos electrónicos que têm de ser impressos para serem válidos para o sistema
só nisto são centenas de milhões de folhas e impressões por ano
depois tribunais como os de Almada vêm à televisão queixar-se que têm 70 mil euros de toners para pagar
ou 100mil em reparações e substituições por mês como alguns serviços públicos têm
isto monta a centenas de milhares por ano multiplicados por milhares de instituições públicas
juntas de freguesia incluídas
que passam centos de milhares de comprovativos ao pessoal desempregado todos os 15 dias...
logo consolidou-se o quê ...o futuro da dívida
consolidou-se a virtualidade da consolidação?
imprimiu-se um estudo em triplicado
da austeridade assimétrica imanente?
e estes milhares de milhões de homens e (mulheres) horas desperdiçados em processos burocráticos que poucos países se podem dar ao luxo de ter
ResponderEliminarsão um dos maiores entraves à competitividade de portugal na europa
o euro é apenas um prego a mais...
a falta dele e a possibilidade de desvalorizar à vontade não vão aumentar nem a eficiência nem a produtividade
apenas vão tornar o custo da produção mais baixo
é tornar à paridade nota de conto
pataca macaense ou yuan
n'est pas?
se não estávamos preparados, por que motivo entrámos? é uma doutrina adolescente de culpar os outros pelo que fizémos. toca a seguir o Graça. É sair. Aíchega trmideira, claro.
ResponderEliminarJorge Rocha
Vejam se saem do Euro, e depressa, que eu que estou na estranja já começo a achar que quando vou a Portugal nas férias já sinto que os preços estäo altos demais!
ResponderEliminarVá, o que eu quero é de volta aos anos 70 e 80, onde os bancos tugas davam 30% ao ano nas contas poupança-emigrante...