O facto do problema de competitividade estar situado na inflação e não nos salários reais não nega que haja um problema na divergência dos custos unitários de trabalho. Ele existe, mas a exposição de Vítor Bento, não é só manipuladora, como simplista. Ignora-se por completo a raiz do problema: a falta de coordenação de política económica dos países da moeda única. Até à chegada do Euro, um dos critérios de adesão era a convergência das diferentes taxas de inflação europeias. De facto, nos anos que precederam o euro assistiu-se a uma convergência das diferentes taxas de inflação. No entanto, tal critério foi abandonado no pacto de estabilidade, devido ao estreito entendimento de considerar que com a moeda única a única variável que poderia afectar a inflação seria o défice orçamental. Estavam enganados. A partir da criação do euro as taxas de inflação começaram a divergir nos países aderentes. O resultado foi, por um lado, a existência de taxas de juro reais próximas do zero ou mesmo negativas para os países com maiores taxas de inflação, uma vantagem competitiva face aos países, como a Alemanha, com taxas de inflação menores. Por outro lado, os seus custos unitários de trabalho nominais aumentaram face a estes países, perdendo competitividade.
Vítor Bento deveria defender, neste contexto, uma nova arquitectura económica na U.E., onde haja efectiva coordenação entre os diferentes países e um real orçamento europeu que corrija assimetrias e possibilite uma rede de protecção social a todos os europeus (nada de muito diferente do papel que os orçamentos de cada país têm na coesão nacional).
Essa arquitectura é o âmago da questão. Mas o BCE que bem reflecte na imagem, não admitiu ainda que estamos como se prova aqui (http://tinyurl.com/d5sh38) em cenário de efectiva deflação. O que pode bem implicar o colapso do modelo actual de uma UEM a 16.
ResponderEliminarCSantos
O Bento é um pateta. Devia limitar-se ao ensino.
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