sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Diz um socialista à moda antiga, a quem a história não pára de dar razão
«Vai ser necessário desfazer tudo aquilo - e é muito - que em Maastricht é pura ideologia - e ideologia ultraconservadora - para estabelecer regras razoáveis, e não dogmáticas, que contribuam efectivamente para o progresso dos povos europeus. Exige-se que, pelo menos os governos e partidos de tradição socialista e social-democrata não embarquem de novo no triste papel que fizeram em Maastricht de cúmplices das concepções individualistas e retrógadas que então imperaram. À primeira muita gente cai. À segunda só cai quem quer...». Vale a pena ler a coluna de João Ferreira do Amaral no Semanário Económico de hoje (infelizmente não consigo o 'link').
Caro Ricardo,
ResponderEliminarEu duvido que a história dê mais razão do que a tire ao J. Ferreira do Amaral. Tudo o que o homem escreveu sobre o euro, mesmo tirando as passagens mais patéticas, sobra pouco de potável. Isto é memorável:
http://web.ist.utl.pt/mcasquilho/text/opi/o_FAmaralEuro.html
Não tenho o texto que referes, mas duvido muito que a leitura que o JFA faz da consturção europeia tenha correspondência com a realidade.
Vejo mal como é que a CEE que era praticamente só economia, sem políticas sociais, possa ser mais justa, solidária ou o que quiserem, do que a União Europeia.
Caro Rui,
ResponderEliminarJoão Ferreira do Amaral foi uma voz isolada entre os mais destacados economistas portugueses na análise da arquitectura macroeconómica que saiu de Maastricht. As suas críticas, tidas na altura como hereges, são hoje praticamente senso comum e passam essencialmente por dois aspectos: a inexistência de instrumentos que ajudem a lidar com a ocorrência de choques assimétricos e a falta de mecanismos de coordenação que promovam a resposta articulada em situações de crise (o que é grave em economias extremamente integradas).
A crise actual mostra bem a relevância destes dois aspectos. Por exemplo, Zapatero hesita em implementar um pacote de medidas de promoção da procura agregada com receio que os outros países não o façam em igual medida - o que implicaria que os contribuintes espanhóis estariam essencialmente a subsidiar as exportações de outros países. Portugal tem pouco espaço para promover a procura agregada, considerando os níveis já elevados de défice na balança corrente (que no passado teria sido corrigido, pelo menos no curto prazo, através de uma desvalorização ou do apoio directo aos sectores exportadores - ambas impossibilitadas pelo actual quadro de funcionamento da UEM).
Podemos continuar a não concordar sobre as alternativas de política sugeridas por JFA. O que não se pode mais é menorizar a importância das críticas que ele andou a fazer estes anos todos.