quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Quebrar o consenso

«Ao criar a moeda única e instituições deficientes para a gerir e ao impedir políticas orçamentais activas, a integração tornou, desde Maastricht, as economias muito mais vulneráveis perante a globalização, como é visível hoje em Portugal. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que devido à moeda única Portugal está hoje mais desprotegido em relação à globalização do que grande parte das economias do mundo, mesmo de países de dimensão e nível de desenvolvimento inferior».

Vale mesmo a pena ler o artigo de João Ferreira do Amaral no Jornal de Negócios. Quebrar o consenso é custoso. Mas quando alguém o faz desta forma, directa e sem contemplações, as coisas tornam-se de repente claras. É que a estagnação dura há demasiado tempo. O tempo de uma moeda única sem governo económico.

4 comentários:

  1. Chorar sobre o leite derramado. Facto é que, possivelmente, a integração europeia constituiu, desde o princípio, uma fuga para a frente em relação à economia portuguesa. E vamos agora começar a pagar com juros toda essa política. Se foi com o IDE, os Fundos Estruturais, o Mercado Único, os Empréstimos ao Estrangeiro que criámos uma riqueza artificial em terreno indígena, as nossas "vantagens comparativas reveladas" esfumam-se a cada dia que passa. Sim, a incúria da análise económica estática paga-se caro, ou ex-post, como se diz em linguagem técnica.

    Por isso também não sei do que vale fazer o exercício do "as if": pior que a burocracia europeia é ter uma burocracia nacional que só faz por a emular, pior que não ter moeda própria é ter o nosso grau de endividamento, pior que a política de concorrência europeia é ter, de facto, Mateus na concorrência!

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  2. A verdade é que a moeda sempre foi única. O estado continua a ter o monopólio da emissão monetária.

    As mesmas decisões e mecanismos monetários continuam a ser possíveis, a nível federal (considerando a UE uma federação). O centro de decisão foi deslocado, à medida que Portugal passa de estado soberano a estado federado. Nada contra.

    A vulnerabilidade advém do magnânime monopólio estatal do BCE, que pode dar à rotativa ao seu bel-prazer. Falsários protegidos pela lei. São resumidamente os maiores gatunos da praça. Bem, os auto-denominados gatunos cá da casa preferem obviamente ter o "negócio" mais perto de casa :)

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  3. escrevi no meu blogue sobre este post

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  4. "Apesar" da moeda única e da sua valorização a Alemanha foi o maior exportador mundial em 2006, à frente, portanto, da China. Mas, para Portugal, a moeda única é prejudicial? O que podemos fazer para que o não seja? Esta pergunta faz sentido se admitirmos que Portugal vai permanecer na UEM enquanto ela durar...

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