quarta-feira, 18 de julho de 2007
A Direita Liberal e o Problema Ambiental
Têm sido objecto de justo gozo os delírios da direita ultra-liberal sobre o ambientalismo, em geral, e o aquecimento global, em particular. Esta direita liberal oscila entre o puro negacionismo – favorecido, sejamos honestos, pelo discurso histérico que confunde uns dias de maior calor com um fenómeno consistente, mas lento - e os fantasmas de um ambientalismo totalitário, fruto da necessidade da intervenção estatal num problema onde, não só o mercado "«falha» na solução, como é ele próprio o principal responsável por ele.
Os medos desta direita são justificados. Num período marcado pela descredibilização política da intervenção colectiva nas mais diversas esferas da vida social, os problemas ambientais aparecem como verdadeiro «cavalo de Tróia» na batalha pela recuperação da intervenção concertada e democrática na economia. De facto, as sondagens mostram, não só uma crescente consciencialização quanto aos desafios ambientais que hoje enfrentamos, como uma maior aceitação da regulamentação ambiental.
Como sintoma da possível viragem ideológica resultante destes problemas, temos o editorial de hoje de Martim Avillez Figueiredo, director do Diário Económico, normalmente bem alinhado com o programa neo-liberal do Compromisso Portugal. Martim escreve sobre o novo livro de David Milliband, «Politics for a New Generation». Segundo o jornalista, o provável próximo líder do Labour Britânico argumenta, de forma «bem sustentada», «que essa batalha verde se ganha com ideologia. Logo à cabeça, afirmando o papel do Estado – uma vez que o mercado falhou na gestão desse problema».
Nota: David Milliband, como bem assinala Martim Figueiredo, é filho de Ralph Milliband, um dos maiores pensadores socialistas britânicos do século passado. O seu livro «Socialismo para uma Época de Cepticismo», publicado na véspera da vitória de Blair no Reino Unido em 1995, mantém, hoje, enorme actualidade.
É notável que o dinheiro destinado a promover a ortodoxia nas ciências de decisão político-económica venha dos mesmos bolsos que promovem a heterodoxia e quebra de consenso nas ciências naturais (particularmente a climatologia).
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