segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Paradoxos


No Público, Sérgio Aníbal informa-nos: “No auge de uma das maiores crises da história e apesar de uma parte da população estar já a sofrer perdas de rendimento e de emprego, os portugueses têm estado nos últimos meses, em média, a poupar uma parte maior do seu rendimento. É um fenómeno que pode parecer surpreendente, mas que na verdade é habitual no início das crises económicas.” 

Os portugueses de maiores rendimentos contribuem desta forma para a crise. Aquilo que parece racional do ponto de vista individual, dada a incerteza radical, torna-se irracional do ponto de vista macroeconómico. Keynes tinha um nome para isto - paradoxo da poupança: se todos decidirem poupar, porque desconfiam do futuro, as despesas de consumo e de investimento diminuem, o que significa que o rendimento, resultado da despesa, diminui e logo a poupança também. 

Neste contexto, aliás, pode ser muito mais difícil servir a dívida previamente contraída, já que o seu fardo aumenta em termos reais, devido à quebra dos rendimentos e dos preços. É o segredo das grandes crises que só os Estados conseguem enfrentar satisfatoriamente: se o sector privado gera superávites, o sector público, mantendo-se o saldo do sector externo constante, tem de gerar necessariamente défices orçamentais simétricos e estabilizadores. Faça-se a revolução no pensamento, reconhecendo-se, por exemplo, que é o investimento que gera a poupança, e o resto é mesmo contabilidade. 

E, sim, é capaz de não ser má ideia neste contexto taxar os depósitos dos mais ricos e injectar despesa na economia, na ausência de moeda própria.

6 comentários:

  1. O trunfo é a moeda estrangeira, que nos torna colónia do país que a emite, ou seja a Alemanha.
    Todas as medidas serão inúteis, mesmo que o governo "socialista" tivesse qualquer intenção de as tomar.
    Vejam o sketch "Costa apoia Vieira".
    Enquanto o país de entretinha a discutir o sexo dos anjos, o bloco central desregulava ainda mais o mercado de trabalho.
    Agora, o PS vai dizer que a culpa é do BE.

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  2. Este sujeito das 22 e 08 tem métodos que fazem lembrar os do outro

    O excelente texto de João Rodrigues apela a várias coisas:
    -Que se reconheça que é o investimento que gera a poupança, e o resto é mesmo contabilidade.
    -Que se taxe os depósitos dos mais ricos de modo a injectar despesa na economia, na ausência de moeda própria.

    O que faz o sujeito?

    -Fala no "trunfo da moeda" e diz que todas as medidas são inúteis. JR tinha lembrado uma importante, na ausência de moeda própria. A saber, o taxar os depósitos dos mais ricos. O sujeito citado não gosta desse tema
    -Desvia a bola para sketches. Gosta mais deste
    -Faz afirmações idiotas sobre o PS a culpar o BE. Para dar colorido local
    -Tenta enfim, discutir o sexo dos anjos

    Onde já vimos isto? Havia um ministro qualquer que fazia o mesmo, em linguagem bárbara

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  3. O teatrinho de JE, assalariado dos DDTs para conspurcar este blog, tem um método engraçado: ao mesmo tempo que tenta dar um ar de progressista, faz tudo por destruir qualquer discussão.
    Sugere o senhor que a medida de taxar os mais ricos seria a mais adequada.
    Esquece o JE que o excedente que Centeno andou a amealhar, antes da pandemia, serve precisamente para cortar os impostos aos mais ricos, como tem acontecido em todo o mundo ocidental.
    Esquece que o sistema neoliberal foi adotado pelo PS.
    Esquece que o Estado Português construiu uma SEGURANÇA SOCIAL para os RICOS, a expensas da segurança social das classes mais baixas, incluindo a classe TRABALHADORA (adjetivo repulsivo para a esquerda-caviar e pseudo-esquerdas), pelo que é estúpido falar em aumentar impostos aos ricos, com o bloco central no governo.
    Esquece ainda que, na semana passada, foi iniciada legislação para impor a laboração contínua para todas as profissões do país.
    Espero que inclua a profissão de troll.

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  4. Quase meio século de anátemas sobre «défices orçamentais simétricos e estabilizadores» somos chegados à ambição de sempre 'sacar a quem o tem' e pôr o Estado a derretê-lo.

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  5. 9 e 36?

    Apanhado em contra-pé, o "anónimo" insiste.O método chega a ser cansativo mas tem algo de hilariante

    (Agora invoca o DDT. Ele lá sabe de quem é assalariado).

    Temos então que para defender as idiotices pseudo-revolucionárias que disse, insiste na sua ideia de se opor à taxação dos mais ricos.

    E acrescenta esta pérola: "o excedente que Centeno andou a amealhar, antes da pandemia, serve precisamente para cortar os impostos aos mais ricos"

    Por isso o "anónimo" das 9 e 36 é contra a medida de taxar os mais ricos

    Confessemos.Disparates deste quilate só mesmo da cabeça daquele aldrabão do joão pimentel ferreira


    (O resto é o folclore usado nestes locais para ver se passa: "o sistema neoliberal foi adotado pelo PS." " Estado Português construiu uma SEGURANÇA SOCIAL para os RICOS" , "é estúpido falar em aumentar impostos aos ricos"

    Já percebemos, ó riquinho)

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  6. (Jose também foi apanhado em contra-pé...

    Um bom exemplo de um ambicioso, ambicionando voltar ao estado do Estado Novo para por a derreter a riqueza do trabalho?
    Ou tão somente aquele odiozito às funções sociais do Estado?)

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