sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A banca não vai lá com multas


Anda por aí um grande contentamento com a multa que a autoridade da concorrência impôs à banca por conspirar contra o público, para retomar os termos de Adam Smith: um cartel é realmente um dos resultados expectáveis das reuniões entre homens do mesmo negócio, já denunciadas a seu tempo por um filósofo moral algo desconfiado da finança.

O problema é que demasiada gente, em linha com a tal autoridade liberal, parece ter a concorrência por norma a institucionalizar através de uma espécie de polícia de um mercado sempre mitificado. É preciso então reafirmar que na banca não temos de estar entre a parede do cartel e a espada da concorrência. Aliás, em tempos bem mais tranquilos nesta área não estivemos. É então talvez útil repetir neste contexto três parágrafos escritos noutro:

A alternativa a este estado de coisas passa por reconhecer as especificidades de um sector estratégico com poderes exorbitantes. Em primeiro lugar, o poder de criar e de destruir moeda através do crédito, um verdadeiro bem público numa economia monetária de produção orientada para o investimento, mas um bem que pode transformar-se num mal em mãos tão gananciosas quanto pouco escrupulosas. Em segundo lugar, o poder de lidar com o futuro, ou seja, com a incerteza, concentrando muita da melhor informação disponível sobre a actividade económica geral, cujo andamento passa pelas decisões tomadas nos bancos. Em terceiro lugar, o poder de não poder verdadeiramente falir, dado o caos que tal gera num sector que lida com a confiança, porque lida com a moeda e com o futuro. Juntos, estes poderes fazem com que a sacrossanta concorrência de mercado seja na banca uma fonte de falhas ou de ficções constantes.

A concorrência gerada pelas estruturas neoliberais criadas nas últimas três décadas é indissociável do aumento do número e da violência das crises bancárias à escala internacional, cujos custos são e serão sempre socializados, dada a natureza do sector. Esta situação contrasta com o período entre a Segunda Guerra Mundial e os anos oitenta, quando as crises bancárias eram bem menos frequentes, devido à chamada repressão financeira: banca pública com lógica pública, controlos de capitais e regulamentação precisamente desconfiada da concorrência.

A concorrência é uma fonte de ficções, porque as crises evidenciam as especificidades deste sector, mostrando que é em última instância o poder público, e não os mercados, que tem de o gerir, a começar pelo banco dos bancos, ou seja, pelo banco central, que lhes cede a liquidez de que depende a sua sobrevivência. A questão é então se o poder público gere o sector para beneficio público ou de privados.

Em suma, a banca não vai ao sítio com multas e muito menos com mais concorrência.

24 comentários:

  1. Não fora aquela má experiência da banca nacionalizada e corrupta...

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    1. Não se pode correr com este gajo daqui? Já fede.

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  2. Pobre jose

    Qto desespero reina num ressabiado salazarista Agora vai por um caminho da treta e da aldrabice pura

    A corrupção na banca privada. Os banqueiros terratenentes privados e privatizados, atolados na trampa onde só o perfume dos porno-ricos o consegue disfarçar

    E jose, o das odes aos banqueiros, esgrime assim?

    Pobre jose

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  3. É uma evidência que a banca idealmente deveria ser pública. Não o sendo, o mínimo

    exigível é que seja sujeita a escrutínio público, regulamentação rigorosa e

    operada com um pingo de decência começando pela eliminação pura e simples de

    truques como as taxas de "gestão de conta" e malabarismos semelhantes em que a

    confraria começa a viciar-se.

    Concordo com o João Rodrigues: é preciso muito mais que multas.



    E





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  4. A repressão financeira, João Rodrigues, era bem mais do que isso. Era a colocação, pelo Estado, dos capitais à guarda de bancos ao serviço do aumento da dívida pública. Se isto não é squeezing out, não sei o que seja...

    Quando o nível de crescimento económico que permitia à Rainha Vermelha (com a devida vénia à deputada Mariana Mortágua) correr para ficar no mesmo lugar, ou seja ao Estado manter o ratio dívida pública/PIB constante, gripou no final dos anos 70, devido às crises petrolíferas, tudo isto veio por aí abaixo.

    A Esquerda da Esquerda persiste na ilusão de que o neoliberalismo destruiu o keynesianismo de segunda geração quando na verdade foi a falência deste que levou à ascensão de Reagan e Thatcher. Afinal as ideias de Hayek andavam a ser discutidas há muito, de recordar o debate com Keynes... Limitaram-se a ocupar o lugar do keynesianismo quando este entrou em defunção...

    Como aliás antes tinha sido a crise do liberalismo nos anos 20 que abriu as portas ao New Deal, mas também à ascensão dos fascismos.

    Enquanto a Esquerda quiser combater o neoliberalismo com ideias do Passado, os neopatrimonialistas como Trump podem dormir descansados... Aliás, Naomi Klein, numa interessante entrevista ao Guardian, lembrava que a diferença entre a Esquerda e a Direita é que a primeira quer distribuir os frutos do crescimento eterno e a segunda quer simplesmente que os ricos fiquem com eles...

    Os Alemães não precisam certamente de exportar para Marte, basta que exportem para Países com défices comerciais em relação à Alemanha, mau grado a dependência excessiva no mercado externo de tal Economia. Agora, que as nossas Economias não vão conseguir crescer para Marte, isso lhe garanto que não vão.

    Pegue na treta do crescimento eterno e vá morrer longe, se faz favor...

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  5. Mais uma vez Jaime Santos a mostrar que afinal o perfume que se desprende de gente como esta ê fruto de perfumes caros, com a qualidade de vida dos que se apropriam da riqueza produzida, mas...

    Mas que não basta para ocultar o cheiro fétido de quem insiste na provocação de um arruaceiro barato

    O “ ir morrer longe”em que insiste, misturado com um curioso “ se faz favor” , mostra a qualidade do sujeito

    A que não é estranha uma tentativa de vitimização para ver se pode tirar proveito do facto. E a que não é alheia a tentativa de fugir ao contraditório (o que sistematicamente faz) para esconder esta vil tristeza de se bambolear entre a serventia â Alemanha e à UE, e o namoro descarado ao neoliberalismo. Com aqueles predicados cansados e suados, repetitivos e adornados contra quem ousa lutar contra o status quo que defende

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  6. Eu gostaria de saber de que maneira é que "A repressão financeira... ...Era a colocação, pelo Estado, dos capitais à guarda de bancos ao serviço do aumento da dívida pública."

    Como e por que mecanismos é que isto se verificava? Tem dados do que afirma, Jaime Santos?

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  7. Jaime Santos debate-se com os problemas da sustentabilidade.
    Infelizmente, apesar de ler Naomi Klein, fica no costumeiro "nem carne nem peixe" do extremo centrismo.

    É que lamentávelmente Jaime Santos tem a espessura intelectual de uma camada de grafeno... LOL

    Para um debate realmente sério sobre os problemas da sustentabilidade ambiental é forçoso ir muito mais além, pelo radicalismo das soluções propostas e pelo seu impacto em termos civilizacionais.

    Jaime Santos é incapaz de tal radicalismo porque o seu pensamento está condicionado pelas suas crenças religiosas "neoliberistas".

    Realmente Naomi Klein dá algumas pistas, ainda que superficiais. Nesta entrevista:
    https://www.theguardian.com/books/2019/sep/14/naomi-klein-we-are-seeing-the-beginnings-of-the-era-of-climate-barbarism

    Afirma nomeadamente:

    "The individual decisions that we make are not going to add up to anything like the kind of scale of change that we need"

    Isto é importante para desqualificar completamente as teses de que numa economia de consumismo é possível obter resultados significativos pela acção voluntária dos cidadãos isolados.

    E por isso proponho outra abordagem muito mais radical, exposta neste outro artigo longo como um culebrón e espesso como puré de batata.

    http://links.org.au/degrowth-green-capitalism-ecosocialism-richard-smith?fbclid=IwAR32MaQ8Fu5fyo6qy6ZBmQKtsbEaWrgCovlJiX-nt-k9F4wCjAMgZQ685SM

    Pela sua importância para este debate da sustentabilidade apresentarei de seguida algumas citações:

    "What to do? Mainstream economists have had two approaches. Economists such as Herman Daly, Tim Jackson, and Serge Latouche have advocated “degrowth.” The idea is that capitalism can be slowed down, made to run at a “steady state” or even to “degrow.” I have argued elsewhere that these theorists just don’t understand capitalism. Capitalist “degrowth” just means recession, if not depression."

    "The other approach is “green capitalism.” The idea here is that growth can go on forever but be rendered benign for the environment. Economists who advocate green capitalism call for carbon taxes, solar power, LED lightbulbs. We are no doubt better off for some of these policies and technologies. But green capitalism can’t save us. Here and there the planet’s needs and the corporations’ needs do coincide—but they do not align systematically. To save the planet, corporations would have to subordinate growth and profits to saving the humans—but they can’t do this. They’re not responsible to us. They’re responsible to shareholders."

    Peço desculpa por não traduzir, mas por favor pensem também que o nível de exigência conceptual de um debate desta natureza implica um conhecimento mínimo do inglês escrito.

    S.T.

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  8. Mais alguns excertos do artigo que acima refiro:

    "No capitalist economy, no government, will accept cap-and-trade. Why? Because it would impose a “cap.” A cap is a finite limit on greenhouse gas emissions like CO2. But every government understands that a cap on emissions means a cap on growth. That’s why no industrialized country has been willing to accept a cap. As George Bush senior put it back in 1992, “The American way of life is not up for negotiation.” And if the Americans won’t cut emissions, why should the Chinese?"

    "What about carbon taxes? Lots of governments pass carbon taxes, but they’re all too feeble to make any real difference. Scientists tell us that to keep global temperatures from rising beyond 2 degrees Celsius and prevent runaway global warming, the industrialized countries would have to suppress emissions by 6–10 percent per year, truly draconian levels, for the next 35 years to get emissions down to where they need to be by 2050. But cutting emissions by anything like that amount would mean industrial shutdowns across the board."

    "It’s not difficult to stop global warming. It’s completely obvious and simple. If we want to cut fossil fuel consumption we just have to enforce cuts in consumption, just ration oil and gas, like governments did during World War II, like when the U.S. government banned DDT, or when it banned ozone-depleting refrigerant chlorofluorocarbons.


    The problem is that, given capitalism, cutting fossil fuel consumption would immediately bankrupt the largest companies in the world and plunge us into economic collapse, mass unemployment, and depression."

    "The problems we face, the problems of “planet management,” can’t be solved by individual choice in the marketplace. They require conscious, rational planning, international cooperation, and collective democratic control over the economy—not market anarchy. Climate scientists have been telling us for decades that we need a binding, global plan to suppress fossil fuel emissions."

    "I don’t think people really grasp how big a change we need to make. Cutting emissions by 8–10 percent per year would require selective but substantial deindustrialization in the global North. We would have to contract and converge our levels of production and consumption around a globally sustainable and hopefully happy average that can provide a dignified living standard for all the world’s peoples."

    "We would have to abolish the consumerist designed-in obsolescence, repetitive-production disposables industries (plastic junk, H&M disposable clothes, IKEA chipboard furniture, throwaway products of every sort) and replace those with durable, rebuildable, recyclable, and shareable products instead of disposable products. We would have to reorganize production of the goods and services we do need to minimize resource consumption, instead of maximizing consumption by producing goods to be “burned up, worn out, replaced, and discarded as fast as possible.”"

    S.T.

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  9. Fala Jaime Santos da ascensão dos fascismos?

    Jaime Santos anda muito distraído a tentar arranjar justificações para o que era e deixou de ser

    A porta dos fascismos foi aberta pelos que traíram os seus ideais e se bandearam para os lados do neoliberalismo a troco de migalhas no processo de distribuição de cargos. O agravamento da crise e o colaboracionismo activo conduziu à abertura da caixa de Pandora

    Num texto recente de Ricardo Paes Mamede este dizia:
    "O que a história recente nos mostra ... foi nos países em que os partidos socialistas e social-democratas mais se afastaram da sua tradição doutrinária (e onde os partidos da esquerda anti-capitalista são menos expressivos) que a confiança na democracia mais se degradou e onde a crise política é maior"

    Esta deve ter doído tanto a Jaime Santos, que este saltou por cima dela

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  10. Cito a sua última frase de um comentário recente de Jaime Santos:

    "Num mundo em crise ambiental, fica a pergunta, vamos crescer para onde, para Marte?"

    À primeira vista pode pensar-se que o homem tem razão: Num mundo com recursos finitos o crescimento não pode ser infinito. Mas depois pensa-se que afinal há uma minoria que além de não aceitar limites à sua pegada ecológica não se inibe de tentar impor esses mesmos condicionamentos aos "plebeus". Só isto deveria fazer-nos desconfiar dos raciocínios de Jaime Santos.

    E não é difícil inscrever estas tiradas de Jaime Santos na corrente mais vasta do "decrescimento" recessivo referido no artigo que acima citei. E estas teses têm fornecido justificação para políticas recessivas e de concentração da riqueza no cimo da pirâmide de rendimentos.

    Depois começamos a pensar: Dinheiro há, e com fartura! De tal modo que actualmente se torna até difícil encontrar aplicações financeiras que dêem algum retorno.

    Por outro lado as possibilidades de melhorar o bem-estar de enormes massas de seres humanos de forma sustentável em todo o planeta estão longe de estar esgotadas. E estas carências de investimento são muito reais e palpáveis.

    Qual é então a razão de tal desencontro? (Em inglês "mismatach".)

    É que os detentores da riqueza a encaram como um instrumento de poder de que não estão interessados em abdicar.

    No entanto, a continuação do status quo parece conduzir inevitávelmente à catástrofe ambiental que acabará por afectar todos os habitantes do planeta. Será que as elites podem apostar com segurança na sua sobrevivência por via da compra de um bilhete para uma colónia em Marte? (Cortesia de Elon Musk???)

    Ou irão as ditas elites viver prisioneiras nos seus redutos, rodeadas dos seus serviçais, separadas da sorte do resto da humanidade?

    O que estou a sugerir é que as supostas elites estão apostadas em se dessolidarizarem dos seus semelhantes e que os métodos de controle ideológico que usam para controlar as massas serão insuficientes quando as condições se agudizarem.

    Estamos a chegar a um ponto em que as teses neoliberais sobre a propriedade e a busca do benefício próprio estão em conflito com os propósitos da humanidade como espécie, e não é difícil perceber que a inventividade humana encontrará maneira de subverter os planos genocidas de minorias elitistas e egoístas.

    S.T.

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  11. Já agora é interessante notar como o neoliberalismo combate eficazmente as novas ideias reformistas de pensadores que estão longe de poder ser considerados "socialistas radicais".

    O exemplo vem do "Les Crises" e mostra o ataque cerrado que sofre um economista ultra-moderado como Thomas Piquetty quando se apresenta numa chafarica recheada de neoliberistas como é a France-Inter.

    https://www.les-crises.fr/france-inter-sinquiete-pour-les-milliardaires-par-la-bas-si-jy-suis/

    O video é também acessível directamente no YouTube mas sem os comentários contextualizantes.

    https://www.youtube.com/watch?v=UMQLlQ8Vsbc

    S.T.

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  12. Há mínimos. Ou devia haver.

    Um caso paradigmático é o que nos confrontamos aqui. João Rodrigues fala na banca e do seu poder.E aponta o dedo à treta da mitificação do mercado

    Como "responde a isto Jaime Santos?

    Com duas linhas iniciais, de conteúdo dúbio e de ainda mais duvidosa veracidade


    O que depois assistimos por parte de JS é a um martelar. Um martelar do discurso de JS, ao lado, como se estivesse formatado para vir despejar o aprendizado ( limitado,diga-se de passagem), independentemente do que se debate. E convocar os seus demónios particulares contra a esquerda deste modo aí em cima destacado


    A confirmação final está, de forma simultaneamente cómica e patética, na frase última de JS
    "Pegue na treta do crescimento eterno"

    Crescimento eterno????

    Mas quem falou em tal? Não foi o próprio JS a introduzir o tema?

    Agora JS está limitado a "isto"? A encavalitar o seu comentário no seu próprio comentário, qual verdadeiro marteleiro a impor-nos o seu martelar, como qualquer bispo a impingir-nos a sua prédica?


    Lastimável

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  13. Já que Jaime Santos parece gostar de Naomie Klein, talvez deva ler o que esta escreve noutro artigo do mesmo Guardian:

    "Those of us who advocate for this kind of transformative platform are sometimes accused of using it to advance a socialist or anticapitalist agenda that predates our focus on the climate crisis. My response is a simple one. For my entire adult life, I have been involved in movements confronting the myriad ways that our current economic systems grinds up people’s lives and landscapes in the ruthless pursuit of profit. No Logo, published 20 years ago, documented the human and ecological costs of corporate globalisation, from the sweatshops of Indonesia to the oil fields of the Niger Delta. I have seen teenage girls treated like machines to make our machines, and mountains and forests turned to trash heaps to get at the oil, coal and metals beneath."

    "The painful, even lethal, impacts of these practices were impossible to deny; it was simply argued that they were the necessary costs of a system that was creating so much wealth that the benefits would eventually trickle down to improve the lives of nearly everyone on the planet."

    "I have always had a tremendous sense of urgency about the need to shift to a dramatically more humane economic model. But there is a different quality to that urgency now because it just so happens that we are all alive at the last possible moment when changing course can mean saving lives on a truly unimaginable scale."

    In

    https://www.theguardian.com/books/2019/sep/14/crisis-talk-green-new-deal-naomi-klein

    Como se vê Naomi Klein percebe as contradições básicas entre a sustentabilidade ambiental e a doutrina neoliberal prevalecente na actual ordem económica.

    O que lhe falta é perceber que para ser possível outra forma de organizar a economia é forçoso subtrair fatias significativas dos processos produtivos às lógicas do consumo e do lucro. É todo o sistema de monetização de recursos, de incentivos e de repartição de lucros que está em causa. E que com mais estatização ou menos estatização o futuro do activismo ambiental passa por acções de controlo colectivo e democrático da forma como se produzem bens e fornecem serviços nas sociedades ditas capitalistas de modelo ocidental.

    S.T.

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  14. Errata:

    Em comentário acima grafou-se incorrectamente a palavra "mismatch"

    "Qual é então a razão de tal desencontro? (Em inglês "mismatch".)"

    Gralha embaraçosa.

    S.T.

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  15. A quem interesse:

    http://93.174.95.29/main/1545000/c4948ba38303f0d730a47245437973a3/Thomas%20Piketty%2C%20Seth%20Ackerman%20-%20Why%20Save%20the%20Bankers__%20And%20Other%20Essays%20on%20Our%20Economic%20and%20Political%20Crisis-Houghton%20Mifflin%20Harcourt%20%282016%29.epub

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  16. «as contradições básicas entre a sustentabilidade ambiental e a doutrina neoliberal prevalecente»

    Quando eu vir não ser prevalecente a proclamação de que é pelo aumento de rendimentos e do consumo que deve promover-se o crescimento económico, condição para um justamente ambicionado mais elevado nível de vida; quando à reivindicação que corresponda a esta dinâmica não vir contrapor-se-lhe que há que manter ou até reduzir o nível consumo e desperdício, vou sempre entender as críticas ao 'neoliberalismo' como um ardil, que herdou do marxismo a diabolização do lucro, mas nada mais pretende que ver o lucro acrescido ao consumo, gerando mais pressão sobre a sustentabilidade ambiental.

    E não me venham contrapor a regulação, que não há regulação que resista à sanha consumista e às oportunidades de lucro que ela seguramente cria. Não há sanha de lucro sem a sanha que o gera.

    Sempre me parece adivinhar o projecto do governo de «boa gente» com um catálogo universal de comportamentos, o corretês universal, a que repugna a livre iniciativa, que o mesmo é dizer a liberdade, que o mesmo é dizer a propriedade.

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  17. José acha que é com mais livre iniciativa, quaiquer que sejam os custos ambientais e mais "liberdade" para poluir que se resolve o problema das alterações climáticas.

    José não percebe, ou melhor, finge não perceber, que é a mecânica básica da ganância inerente ao neoliberalismo que é o maior obstáculo a políticas ambientalmente sustentáveis.

    É esta a miséria intelectual e moral do neoliberalismo, pensar que mais da mesma receita que conduziu a humanidade aos presentes problemas de sustentabilidade pode ser remédio para esses mesmos problemas.

    É legítimo que se duvide que soluções marxistas sejam a solução. Mas nesse caso é intelectualmente desonesto atacar propostas como as de Piketty.

    O que é dolorosamente óbvio é que o tipo de investimento que é necessário é aquele que aprofunde o bem estar social sem aumentar o consumo de energia e recursos. Ora isso entra em contradição com o modelo energéticamente e financeiramente centralizado e baseado no uso intensivo e inconsiderado de recursos finitos que deriva do "cada um por si" do neoliberalismo.

    A ganância e a suposta "livre iniciativa" sem freios regulamentares são as piores conselheiras em matéria de sustentabilidade ambiental. E enquanto este simples facto não fôr reconhecido e integrado na discussão política, o combate às alterações climáticas e à poluição não passará de medidas avulsas, cosméticas e ineficazes.

    Percebe-se o mal estar do José e a sua tentativa de baralhar estas questões, mas há limites para a desonestidade intelectual.

    S.T.

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  18. José devia pôr os olhinhos num dos mais ricos do mundo, que reconhece a necessidade de tributar mais fortemente as muito grandes fortunas.

    "Inequality has become an explosive political issue with America’s richest 0.1% controlling more wealth than at any time since 1929. On Tuesday, the Bill & Melinda Gates Foundation released its annual Goalkeepers report. The study seeks to monitor and aid the progress of the United Nations in achieving in its Sustainable Development Goals, which the foundation says are being hindered by persistent inequality. The report called for greater investment in health care, education and technology to help reduce inequality worldwide.
    Inside The Berkshire Hathaway Inc. Annual General Meeting

    Bill Gates

    Gates, 63, also backed higher income taxes on America’s wealthiest people and made a call for greater transparency. “I’m for way more financial transparency. I don’t like that you can have trusts where nobody knows who owns it.”"

    Não é possível a pessoas minimamente civilizadas esconder a consciência debaixo de uma pedra como José tenta fazer.

    O artigo pode ser lido na sua totalidade aqui, embora o essencial esteja nos parágrafos que cito:

    https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-09-17/the-simple-strategy-fueling-the-growth-of-bill-gates-s-fortune?srnd=premium-europe

    S.T.

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  19. Falemos pois de desonestidade intelectual.
    Comecemos pela «suposta "livre iniciativa" sem freios regulamentares».
    - Onde uma tal suposição é aqui suscitada e por quem?
    - Onde, num mundo crescentemente regulamentado, é isso opção ideológica e política posta em execução fora do quadro da marginalidade criminosa?

    Mas seguramente é no quadro de uma tal suposição que surge a «ganância inerente ao neoliberalismo…a miséria intelectual e moral do neoliberalismo…"cada um por si" do neoliberalismo»

    E aqui estamos no mais puro da prática do marxismo-leninismo (ou coisa que o valha): inventa-se um espantalho assustador e a partir daí sai exaltada como benéfica o que quer que se defenda.
    Nada mais testado e denunciado como desonestidade intelectual que sempre traz alguma compensação ao autor.

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  20. «há que manter ou até reduzir o nível consumo e desperdício»

    Daqui logo surge o drama da desigualdade que o mesmo é dizer, para as 'almas mais sensíveis' a treta da igualdade.
    E não me venham dizer que tratar da desigualdade é defender a igualdade, e muito menos que o Gates o diga.
    E também o Gates, honra lhe seja feita, não aborda a desigualdade dentro de fronteiras nacionais, que o grosso do muito que distribui o leva bem longe, onde mais miséria encontra.

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  21. Esperem lá.

    O mesmo tipo que defendia o metralhar de inocentes, homens, mulheres, grávidas, crianças, por Barrientos é o mesmo tipo que agora fala em " livre iniciativa"?

    A livre iniciativa de Barrientos metralhar livremente?

    E que fala em "liberdade"?

    A liberdade de Barrientos metralhar, porque segundo jose, não podia "tolerar o despautério"?


    Ou de como um apologista radical do exercício da metralha se converte num hipócrita radical da "liberdade" e da "livre iniciativa"

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  22. HA-HA-HA-HA!

    Não é este o mesmo José que defendia que os impostos e taxas eram um roubo?

    Afinal já não é a soma dos interesses egoistas individuais que faz avançar a economia?

    Estou confuso! LOL

    Grande flick-flack à rectaguarda, José! LOL

    Dez pontos! Quem havia de dizer? Até os neurónios remanescentes do José guincharam com a derrapagem. LOL

    Quanto ao meu suposto marxismo-leninismo, qualquer dia aparece-me o cartão de militante no correio sem eu ter feito nada para o obter. LOL

    O que é genial é que o extremismo direitolas de José é tão obsceno que basta o bom senso de um capitalista, (que po sinal fez fortuna a revender um sistema operativo que comprou em segunda mão e depois se tornou um monopolista global), mas dizia eu, basta um capitalista monopolista com um modicum de bom senso para lhe desmontar as tretas. Nem é preciso ir buscar Piketty nem muito menos qualquer teoria marxista.

    A realidade é que José é apenas um provocador cuja função é alargar o espaço de debate a uma direita intelectualmente medíocre e carroceira. Ao fazê-lo torna "normal" opiniões e tiradas de direita que não são nem nunca serão social ou ambientalmente aceitáveis. A missão dele é pôr em jogo os seus compadres um poucochinho menos extremistas. Lembrem-se disso.

    S.T.

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  23. E ainda por cima com o marxismo/leninismo na boca
    Ou coisa que o valha

    Jose convertido de admirador salazarista ferrenho e ressabiado, em neoliberal estilo treteiro, elevado aos múltiplos nicks do pimentel ferreira

    Não terá já idade para não arrastar esta tralha medíocre de vacuidade intelectual, ao estilo dos discursos claros e lúcidos do sacana sem lei?

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