sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Um agosto quente, em Lisboa e Madrid
Thomas Urban, correspondente em Madrid do Süddeutsche Zeitung, um dos mais influentes jornais alemães, escreveu em agosto sobre a situação política e económica em Portugal e Espanha, descrita a partir das suas capitais. Vê em ambas os sinais de uma «preocupação emergente a sul» e estabelece uma tese simples: o resgate da UE permitiu que Portugal e Espanha regressassem ao caminho certo, mas as mudanças eleitorais entretanto ocorridas ameaçam deitar tudo a perder, travando as reformas em curso e colocando a península ibérica perante o risco de «regresso ao passado».
A tese de Urban está em linha com o padrão discursivo a que fomos sendo habituados. Aliás, qualquer semelhança com as recentes declarações de Wolfgang Schäuble é apenas coincidência. A conversa sobre os «malandros do sul» e o sucesso da austeridade não é de agora: ouvimo-la desde o início da crise, com o generoso contributo de uma comunicação social que parece ter ficado aprisionada nas malhas dessa narrativa, como se dela não se conseguisse libertar. Mesmo quando a realidade já demonstrou o fracasso do caminho único, o tal que não tinha alternativa.
É esse o problema do correspondente do Süddeutsche Zeitung: tentar encontrar na realidade a confirmação dos pressupostos de que parte. Olha para as duas capitais, «invadidas por andaimes» e mergulhadas em pó e entulho, e vê os sinais de regresso à economia do imobiliário e ao endividamento. Olha para o mercado de trabalho e vê o emprego a estagnar e desemprego na iminência de subir. Assinala o crescimento em queda e a degradação dos juros. A causa disto tudo? O entendimento entre as esquerdas em Portugal e o risco de se chegar a uma solução idêntica em Espanha. Pânico: a inconsciência e a irresponsabilidade dos eleitores ameaça o sucesso dos processos de ajustamento.
Thomas Urban não se preocupa em fazer assentar a análise na verdade dos factos. No Investigate Europe, o Paulo Pena trata de o demonstrar, através de dados e fontes oficiais. Lembra que o procedimento por défice excessivo deveria bastar para evitar qualquer alusão ao «sucesso» dos resgates ibéricos (tal como a classificação da dívida soberana portuguesa como «lixo», que remonta a 2011). E sobre os impactos da mudança de governo, Urban não reparou - porque não cuidou de reparar - mas o desemprego está em queda desde o início do ano e foram criados mais de 80 mil empregos até junho. A ideia de regresso à economia do betão, por sua vez, é negada pelas estatísticas e o aumento do turismo dispõe de melhores explicações que a da solução de governo em Portugal ou o impasse político em Espanha. Como conclui o Paulo Pena, no referido artigo (que merece ser lido na íntegra), «Thomas Urban viu uma hipótese e saltou de imediato para a tese. Mas esse salto não lhe correu bem».
Nota: Já depois da publicação do artigo do Paulo Pena, o editor do Süddeutsche Zeitung introduz alterações à versão inicial do texto de Thomas Urban. Nada que resolva, contudo, os problemas de fundo. Como sublinha o Paulo, o que está em causa não é a discussão entre austeridade e crescimento. Do que se trata é de um debate sobre o jornalismo e a veiculação de narrativas ancoradas em elementos que não resistem à mais elementar verificação dos factos.
Se o discurso dominante na Europa do Norte encontra eco nas opiniões das pessoas comuns, levadas muitas vezes pelo preconceito ou mesmo pela noção de que eles sofrem para 'ajudar os malandros do Sul' (não esquecer o aumento das desigualdades na própria Alemanha, por exemplo) isso certamente tem explicações. Aliás, o alinhamento do próprio SPD (com raras exceções, a começar pelo Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schultz) com esta narrativa deve muito ao facto das 'reformas estruturais' terem sido obra do Governo de Schroeder. Uma via alternativa, em particular uma que até segue a política de manutenção de um défice baixo é um desafio a este consenso. E se calha de funcionar? Agora, tendo em conta a absoluta dependência de Portugal em relação ao BCE, aconselha-se prudência (a tal de que falava Keynes), aconselha-se que não se responda à fanfarronada de Schaeuble (e a outras) com mais fanfarronada (sobretudo quando não se tem nenhuma ameaça credível para fazer) e aconselha-se a que se explore uma via europeia para resolução dos problemas, procurando aliados onde eles (ainda) existem... É uma mera questão de bom senso...
ResponderEliminarTaxa de Desemprego a descer desde o inicio do ano ?
ResponderEliminarE depois queixam-se que a analise do Espanhol está errada !
A tx de desemprego está a descer desde 2013.
Taxa Desemprego:
2000: 3,9 %
2001: 4 %
2002: 5 %
2003: 6,3 %
2004: 6,6 %
2005: 7,6 %
2006: 7,6%
2007: 8 %
2008: 7,6 %
2009: 9,4 %
2010: 10,8%
2011: 12,7 %
2012:15,5%
2013: 16,2%
2014: 13,9 %
2015: 12,4 %
Não há maior cego que aquele que não quer ver.
A tx de desemprego sobe quanto mais politica socialista é aplicada, veja-se a trajectória sempre ascendente desde 2000 até 2011 (Bancarota). Quando começou a descer foi na sequência da eliminação de algumas (poucas) políticas tomadas durante o período de 2011 a 2015,5.
Neste momento e à boleia do período 2011 - 2015,5 o desemprego desce, mas pelo caminho que se está a trilhar será por pouco tempo.
Rui Silva
Política socialista?
ResponderEliminarRui Silva, não seja tonto.Políticas socialistas punham vossemecê em estado de histeria.
Quanto a "bancarrrota"...rota só mesmo a mente de quem anda a replicar estas asnices saídas sabe-se lá de onde
Quanto ao desemprego a descer à boleia do período de chumbo dos extremistas neoliberais ...vejamos. Isso é para rir ou para chorar? os seus amigos levam-no a sério ou são eles que o convencem a vir fazer estas tristes figuras?
O caminho que vossemecê está a trilhar está de acordo com o seu trilho iedológico não haja dúvidas
A absoluta dependÊncia em relação ao que quer que seja...
ResponderEliminarAh, esta incapacidade de não se ver para lá do dedo que aponta para a floresta. Nem sequer se equaciona que a saída pode acontecer por imposição dos acontecimentos.
Tão triste ver o papel reservado ao país por quem devia ter algum sentido de dignidade.
Quanto a Schauble as coisas fiam mais fino. A resposta a este corrupto ( pode-se assim chamar porque ele foi acusado de tal e até teve que se justificar) não se faz com mais fanfarronada(mas que ideia peregrina é esta?) . A resposta tem que estar a outro nível. E António Costa até esteve relativamente bem.
Mas o silêncio cobarde e a atitude de lambe-botas...essa é que de maneira nenhuma
A indecência passou a ser apanágio das elites alemãs e das elites mundiais, a superioridade moral que acreditam ter é baseada na lógica do poder, não têm argumentos nem condição para um qualquer confronto racional ou razoável, acreditam que o mundo está parado prezo pela sua poderosa subjugação, todo este castelo de cartas irá ruir e toda esta gente que se apropria da vida dos outros irá compreender a sua absoluta insignificância.
ResponderEliminarEstranho que tão cientes analistas nunca digam onde aumentou o emprego.
ResponderEliminarSerá a hotelaria, restauração e renovação das 'baixas' de Porto e lisboa?
Serão a compensação, ainda que parcial, dos 3.000.000 de horas de trabalho semanal, justíssima reconquista dessa classe entre todas tão miserável que é a fcoisa pública ( o pleno daria qualquer coisinha como 75.000 empregos).
Não se sabe, e isso é grave, se tais empregos cumprem o paradigma mínimo: bem pagos, não precários, com direitos e em actividades de forte valor acrescentado.
Os alemães precisam de ser iluminados; apareça quem o faça com dados rigorosos (uma daquelas manias a que os alemães são muito dados).
O PS da geringonça não é socialista, nem sequer chega a ser social democrata...
ResponderEliminarO PS da geringonça se fosse social democrata tentava disciplinar a banca, foi isso que os sociais democratas fizeram no passado.
O PS da geringonça não só nada de substancial faz em relação à banca como ainda recompensa os banqueiros com salários e bónus obscenos!
Como é que é socialismo se nem social democracia a UE permite?
O ciente analista herr jose vai dizer onde aumentou o desemprego?
ResponderEliminarÉ que este tema tem sido aqui alvo de debate. E até há pouco tempo, pela mão do João Ramo de Almeida, sobre os estágios apoiados pelo Estado por ramos de actividade, foi focado indirectamente. Que motivou até um comentário aldrabão e mentiroso de herr jose e em que este, após ter sido desmentido, foi obrigado à retirada trapalhona e comprometida.
Porque volta então a esta treta o senhor herr jose?
Para que se esconda coisas como o denunciado neste post. É que, perante o aqui expresso, mais não resta que estas figuras trôpegas e tontas.
Mas infelizmente há mais...
ResponderEliminarO que quererá dizer herr jose com a sua estranha afirmação sobre a compensação das 3.000.000 de horas de trabalho semanal, cujo pleno daria qualquer coisinha como 75.000 empregos?
Que demagogia é esta? Que treta? Que mistificação?
A coisa assume foros de maior gravidade do que o bolsar de qualquer amante do neoliberalismo extremista de Passos/Portas/ Cristas/ Albuquerque.
Porque é dita por um afirmado "perito em relações laborais" ao serviço do grande patronato, que foi pago para tal efeito, sabe-se lá a partir de que fundos.
E tais afirmações da boca dum tipo assim lançam novas luzes sobre o são estes "peritos" e a quem contratam para este tipo de "trabalhos"
Mas enquanto se aguarda pela explicação do "perito" sobre as horas e sobre os 75 000 empregos registe-se mais uma enorme contradição.
ResponderEliminarQuem se lastimava pela subida do salário mínimo nacional fazia-o como fazem os "peritos" do género. Segundo o dito cujo, o tecido empresarial não podia sustentar aqueles aumentos de miséria e o desemprego iria aumentar exponencialmente
Agora vem mostrar a sua preocupação se os empregos criados "cumprem o paradigma mínimo: bem pagos, não precários, com direitos e em actividades de forte valor acrescentado".
Curioso.Abandonada momentaneamente a tese miserabilista dos patrões para se vestir a camisola dos "empregos com qualidade" em jeito de tentativa de resposta ao exposto neste post.
Compreende-se. No primeiro caso está em causa a defesa do lucro de quem explora até ao tutano quem trabalha. No segundo está em causa outra coisa. O ataque à governação do país que é feita apenas um pouco fora dos paradigmas neoliberais habituais.
E herr jose muda o discurso de acordo com o seu peculiar "serviço cívico" em processo de gozo não alternativo.
Quanto à admiração perante os alemães, esses iluminados que precisam de ser iluminados e que têm manias a que são muito dados...
ResponderEliminarIsto é uma treta tirada directamente da tese do super-homem germânico que enche as páginas escabrosas das mais reles teses xenófobas e eugénicas.
Mas é lícito inquirir herr jose se entre as tais manias está a corrupção em que os alemães se envolveram com os submarinos do PP de Paulo Portas?
Se entre tais manias está o descalabro do Deustch Bank mais os seus processos de agir próprios da máfia banqueira mais abjecta?
Se entre tais manias está a contabilidade macabra até ao mais ínfimo pormenor dos objectos roubados aos prisioneiros nos campos de concentração ? Que contabilizavam até os dentes de ouro extirpados e as peles humanas arrancadas para fazer candeeiros?
E como estamos a falar com um "perito" em relações laborais é justo inquirir herr jose se entre as manias a que os alemães são muito dados estão contabilizados os milhões de horas de trabalho escravo a que sujeitaram os seus prisioneiros
ResponderEliminarA economia alemã floresceu na época do nazismo especialmente graças aos trabalhadores forçados. Foram muitas as companhias alemãs que beneficiaram com o trabalho forçado. No final da guerra, o património da indústria alemã era 17 vezes maior do que em 1939. O regime nacional-socialista havia perdido a guerra, mas a indústria beneficiara com ela. Os internados em campos de concentração e os prisioneiros de guerra obrigados a trabalhar não eram remunerados.
O acordo de 1953 fez com que dez milhões de trabalhadores escravos do Terceiro Reich não fossem indemnizados e com que a maioria dos países ocupados e destruídos pelas forças nazis ficassem sem direitos de indemnização.
São estas as boas manias a que os alemães são muito dados.
É sempre com o sentimento de incorrer em sacrílega ofensa a tão elevados espíritos que me socorro da aritmética:600.000*5/40=75.000
ResponderEliminarHerr jose pensa que está a falar como perito concretamente em quê?
ResponderEliminarPensa que está num blog manhoso a falar inter-pares com os da sua craveira, a embonecar-se estilisticamente e a esconder-se atrás da aritmética?
Ainda não lhe chega o intelecto para compreender que o que está em causa não é a aritmética mas o que esconde e o que pretende insinuar?
Para que até herr jose perceba torna-se a repetir.
Primeiro a frase de herr jose :
"Serão a compensação, ainda que parcial, dos 3.000.000 de horas de trabalho semanal, justíssima reconquista dessa classe entre todas tão miserável que é a fcoisa pública ( o pleno daria qualquer coisinha como 75.000 empregos)"
...significa exactamente o quê?.
Depois o que se inquiriu ( e de que fugiu de forma confrangedora):
"O que quererá dizer herr jose com a sua estranha afirmação sobre a compensação das 3.000.000 de horas de trabalho semanal, cujo pleno daria qualquer coisinha como 75.000 empregos?"
Ficamos à espera que herr jose nos explique o que pretende quando fala nas 3000000 horas de trabalho semanal, porque motivo as transforma em empregos, porque motivo fala na função pública como os nazis falavam dos judeus.
Ficamos à espera da substância. Não de idiotices bacocas em jeito de fuga.
Herr jose foi por causa destas habilitações assim reveladas que os seus colegas patrões, patrões de alto coturno, o convidaram para perito? A justificar a pornográfica escolaridade dos patrões cá do burgo?
Sempre que aparecem os esqueletos dos nazis isso significa que o Cuco está em stress agravado.
ResponderEliminarSem querer contribuir para tal (o Hitler deve estar para chegar), prossigamos com a matemática:
+5/40=12,5% seria o acréscimo de produtividade dos cerca de 600.000 funcionários públicos para que o efeito da redução de horário fosse neutra do ponto de vista orçamental (ou do emprego).
Alternativamente, reconhecida que fosse a sua esforçada actividade, haveriam de ser reforçados os quadros para manter a proverbial excelência de serviço.
Ora, ao anúncio de que se mantém a regra 2 por 1 (obviamente invertida no caso dos altíssimos quadros da governança), adivinham-se novos milagres orçamentais e de produtividade pública.
Mas como a semvergonha é total, a matemática não é para aqui chamada!
Parece que surgem do armário os cucos que afligem herr jose. Ainda bem que não desiludem por onde andam. São cucos. Mas isto é um problema pessoal e familiar de herr jose com que ninguem tem nada a ver
ResponderEliminarTambém em relação aos alemães, quem os levantou do seu trono foi herr jose mais a sua divinização a cheirar a apologia de superioridade rácica
As teses do super-homem germânico foram e são paridas nas páginas escabrosas das teses xenófobas e eugénicas. Que elas tenham alimentado o nazismo é uma coisa que tem a ver com as teses e com quem as alimenta, do que propriamente com a vinda de Hitler à terra, como o sonhado tontamente por alguns.
Também é lícito inquirir se entre a tal apologia subserviente e pegajosa aos alemães está a corrupção em que os alemães se envolveram com os submarinos do PP de Paulo Portas
Ou se entre tal endeusamento serviçal está o descalabro do Deustch Bank mais os seus processos de agir próprios da máfia banqueira.
Ou se a admiração pela contabilidade germânica inclui também a contabilidade macabra até ao mais ínfimo pormenor dos objectos roubados aos prisioneiros nos campos de concentração. Que contabilizavam até os dentes de ouro extirpados e as peles humanas arrancadas para fazer candeeiros.
Postos os pontos nos is, registamos com agrado que depois de ter sido chamado à atenção, herr jose tenha respondido ao que se inquiria.
Também não tinha outro remédio. O puxão de orelhas metafórico surtiu efeito.
Vamos então aos números da "aritmética" com que herr jose nos tentou aldrabar.
ResponderEliminar600 000 seriam os funcionários públicos.
Como sabe ele que 600 000 são os funcionários públicos a quem se viu reduzido o horário para 35 horas semanais?
Onde foi buscar tal número? A que fonte?
Atualmente no sector público temos trabalhadores em 3 situações
A - Trabalhadores com contrato em funções públicas, trabalhando 35 horas por semana
B - Trabalhadores com contrato individual de trabalho, trabalhando 35 horas por semana e sujeitos à mesma tabela salarial que os anteriores
C - Trabalhadores com contrato individual de trabalho, trabalhando 40 horas por semana e recebendo mais 14% que os casos anteriores
Há mais.Há ainda os regimes de trabalho especiais em carreiras especificas
A lei aprovada pelo governo de Passos/ Portas subia o horário do "grupo A" para quarenta horas, mas mantendo o salário.
600 000 foi o número mágico parido lá das profundezas da ignorância bacoca e"aritmética" sabe-se lá de quem.
Aguarda-se a correcção da aritmética manhosa dum que faz serviço público a este nível de trampa.
São tipos como este que são contratados como "peritos"? Pelos grandes patrões, medíocres patrões, que contratam "coisas" ocmo estas?
Assim vemos que "o pleno que daria qualquer coisa como 75 000 empregos" é uma fraude.
ResponderEliminarUma fraude feita de aritméticas manhosas à conta das peritagens de patrões deste quilate.
Percebe-se que a persistência no roubo que é o aumentar o tempo de trabalho sem o correspondente aumento de salário é próprio de canalhas.E que uma das virtualidades da dita geringnça foi a correcção de tal apetite restauracionista ao serviço do Capital.
Daí o ódio destes trastes à dita geringonça.
E as aritméticass servidas desta forma inqualificável
"Comecemos então pelo mito de que vigora no setor privado o horário semanal de 40 horas. Para isso observem-se os dados sobre o "Emprego por número de horas semanais trabalhadas", publicados no Boletim Estatístico de Dezembro de 2015 do Banco de Portugal
ResponderEliminarComo revelam os dados do Banco de Portugal, em Setembro de 2015, 19,8% dos trabalhadores em Portugal tinham um horário efetivo igual ou inferior a 30 horas por semana; 56,5% trabalhavam entre as 36 horas e as 40 horas por semana (entre 36 e 40 horas significa que mesmo muitos destes trabalhavam menos de 40 horas por semana, e a sua percentagem diminuiu, entre Dez/2010 e Set/2015, de 58,5% para 56,5% do total); e 23,7% tinham horários semanais iguais ou superiores a 41 horas. Afirmar, como alguns fazem nos órgãos de comunicação social, que o horário de trabalho semanal no setor privado é de 40 horas, só pode ser ou por ignorância ou com o objetivo de manipular a opinião pública utilizando a mentira para virar esta contra os trabalhadores da Função Pública. São os próprios dados do Banco de Portugal que provam isso".
A REDUÇÃO DO DÉFICE ORÇAMENTAL FOI CONSEGUIDA ATRAVÉS DE CORTES ENORMES NAS DESPESAS DE PESSOAL QUE CAUSOU A DEGRADAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
ResponderEliminarA redução do défice orçamental pelo governo PSD/CDS foi conseguida fazendo um enorme corte nas despesas de pessoal das Administrações Públicas, o que causou, como é evidente, uma degradação profunda nas condições de trabalho na Função Pública e na prestação de serviços públicos essenciais, sentida por toda a população, que é urgente reverter como o próprio governo de António Costa reconhece e afirma.
Os dados do INE, da DGAEP e do DGO do Ministério das Finanças mostram os resultados e os efeitos dramáticos desse enorme corte das despesas de pessoal nas Administrações Públicas, que atingiu todos os trabalhadores deste setor fundamental para o bem-estar dos portugueses e para o desenvolvimento do país, pois sem trabalhadores qualificados e motivados não é possível a prestação de serviços públicos essenciais de qualidade e de acordo com as necessidades da população. É importante que os portugueses nunca esqueçam isso.
Durante a "troika" e o governo PSD/CDS o numero de trabalhadores das Administrações Públicas diminuiu em 91.197, as despesas com pessoal de toda a Função Pública foram reduzidas em 4.930 milhões € (passou de 13,7% para apenas 10,9% do PIB, o que significa que 2,8 p.p. de redução do défice orçamental foi conseguida à custa dos trabalhadores), e a despesa de pessoal anual por trabalhador reduziu-se em quase 3.000€ (mais precisamente em 2.933€). E não se pense que este enorme corte de despesa com pessoal resultou apenas do corte remunerações que será eliminado em 2016, pois esta reposição da remuneração significa em média e por mês apenas 38€ por trabalhador. E como constam dos dados o corte na despesa por trabalhador foi de 210€ por mês.
MAIS DE 137 MILHÕES DE HORAS DE TRABALHO GRATUITO POR ANO NAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS CORRESPONDENDO A 804,4 MILHÕES €/ANO
ResponderEliminarO aumento do horário de 35 horas para 40 horas semanais nas Administrações Públicas traduziu-se num gigantesco volume de trabalho gratuito, já que não deu origem a qualquer acréscimo de remuneração para os trabalhadores.
Este aumento gigantesco de trabalho gratuito na Administração Pública – 137,5 milhões de horas por ano – que corresponde a um valor de remunerações de 804,4 milhões € por ano (calculado com base na remuneração média ilíquida mensal dividida por 30 dias, e não no valor hora extraordinária) dá bem a dimensão da espoliação dos trabalhadores da Função Pública pela politica de austeridade da "troika" e do governo PSD/CDS.
No Relatório do Orçamento do Estado de 2014, o governo PSD/CDS previa que, com o aumento do horário semanal de trabalho de 35 para 40 horas, obtivesse uma redução de 153 milhões € na despesa, determinada pela "redução de efetivos por aposentação e redução do trabalho suplementar", portanto um valor consideravelmente inferior ao valor do trabalho gratuito anual dos trabalhadores da Função Pública. Mas no relatório do OE-2015 não apresentou quaisquer dados relativos ao impacto real dessa medida em 2014 nem previu quaisquer efeitos para 2015. E isto até porque o aumento significativo das aposentações antecipadas prematuras se deveu às alterações profundas feitas todos anos no regime de aposentação, o que criou uma grande insegurança em toda a Função Pública. O efeito do aumento do horário semanal na redução de custos foi residual como o próprio governo reconhece nos relatórios do OE, não trouxe qualquer melhoria aos serviços, mas representou um enorme sacrifício para os trabalhadores da Função Pública a nível de condições de trabalho e descanso, e com efeitos negativos nas relações familiares.
A DEGRADAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS CAUSADA PELA FALTA DE TRABALHADORES E O PRETEXTO DE NÃO AUMENTAR A DESPESA
Com a "troika" e o governo PSD/CDS registou-se uma profunda degradação (em quantidade e qualidade) dos serviços públicos prestados à população. Isso foi evidente para a maioria dos portugueses, já que o acesso a serviços essenciais para todos (saúde, segurança social, etc, etc) se tornou cada vez mais difícil e a sua degradação tornou-se evidente para a opinião pública. Basta lembrar as mortes recentes em hospitais por falta de médicos e o tempo perdido para obter qualquer informação junto da maioria dos serviços públicos. Uma das causas importantes foi a redução significativa de trabalhadores registada neste período, a maioria deles com grande experiencia e qualificação, que foram empurrados prematuramente para a aposentação antecipada, reduzindo-se as contribuições mas aumentando a despesa da CGA com pensões"
"Só entre Dez/2011 e Set/2015, o numero de trabalhadores das Administrações Públicas foi reduzido pelo governo PSD/CDS, em 78.000 (10,7%), um valor superior ao que constava do Memorando de entendimento inicial com a `troika". Se a análise for feita por Ministérios conclui-se que os cortes foram maiores naqueles que prestam serviços essenciais para a população e para o desenvolvimento do país: Educação (36.388, sendo 28.560 professores); Saúde (3.949, sendo 1.433 enfermeiros); Segurança Social e Fundos da Segurança Social (3.346). Só nestes três Ministérios a redução de trabalhadores (43.683) representou 56% do total de trabalhadores que neste período saíram da Função Pública.
ResponderEliminarÉ evidente que num quadro desta natureza, e com uma falta tão grande de trabalhadores em tantos serviços essenciais, e quando o aumento do horário semanal de trabalho de 35 para as 40 horas semanais não teve efeito significativo positivo quer a nível de custos quer a nível de melhoria de serviços prestados à população como se mostrou, insistir que a reposição do direito ao horário de 35 horas só poderá ter lugar se não determinar aumento de custos, isso será entendido como um pretexto para continuar a recusar esse direito à Função Pública, até porque a quantificação de custos devido apenas à redução do horário é difícil para não dizer mesmo impossível como a experiencia provou e o próprio governo já reconheceu"
Eugénio Rosa
( a propósito da discussão com o José )