Goya |
É catastrófico este apelo governamental à guerra! É de curtas vistas associar este acto como um ataque aos católicos, como se a sociedade se dividisse por religiões. Nice já provocou uma onda de racismo contra os muçulmanos. As declarações feitas ontem a quente são explosivas. E tudo me lembra a famosa reacção de Miguel de Unamuno à estranha e paradoxal frase "Viva la Muerte", lançada em pleno alvor da guerra civil de Espanha, nas celebrações do dia da raça, em Outubro de 1936, quando eram estigmatizados o país basco e a Catalunha, quando o general Millán-Astray gritou "Morra a inteligência! Viva a Morte!", recolhendo entusiasmado aplausos dos falangistas.
O Governo francês embarcou numa perigosa deriva em que tenta salvar a cabeça, antes das eleições que se perdem para a extrema-direita. O problema é que quanto mais a esquerda imitar a direita, quanto mais não conseguir ter uma visão própria, mais isso tende a promover a direita.
Que triste pedagogia para os jovens, que vazia e criminosa promoção à guerra geral. Como é estúpido este apelo ao ódio para ganhar a guerra ao ódio!
Veja-se a seguir algumas declarações recolhidas ontem pela BFMTV, que podem ser encontradas na totalidade aqui
13h27 - O ministro do interior Bernard Cazeneuve, recém chegado à localidade, associa-se à "grande solidariedade" com os católicos.
13h30 - O ex-primeiro-primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault apela à unidade do povo francês. "Nestas circunstâncias, só pode haver uma mensagem: 'Mantenhamo-nos unidos'. Aqueles que estão na origem destes atentados, penso no de Nice e ainda nos dos últimos dias na Alemanha, querem dividir as sociedades, as democracias, a nossa forma de vida conjunta entre crentes e não crentes, entre católicos e muçulmanos, entre laicos e crentes".
13h34 - François Hollande apela ao apoio à guerra. Recém-chegado a Saint-Etienne-du-Rouvray, François Hollande denunciou o "cobarde atentado de um padre da paróquia , por dois terroristas do Daesh". "A ameaça continua muito elevada. O grupo do Daesh declarou-nos guerra . Nós devemos levara cabo esta guerra [contra o Daesh], no respeito pela lei". "O meu pensamento está com todos os católicos da França".
13h45 - Um dos homens é reconhecido. Segundo informações, um dos dois assaltantes à Igreja é reconhecido visualmente. A sua identidade foi confirmada. Poderá tratar-se de um homem que quia fazer parte da Jihad, mas que teria sido impedido na fronteira com a Turquia. Teria estado preso em 2015 e colocado com pulseira electrónica em Março de 2016.
14h15 - O Daesh reivindica o ataque
14h30 - "Nós devemos ser impiedosos", diz Sarkozy. "É a guerra", lançou o antido chefe de Estado francês. Não há "outra escolha senão levá-la a cabo e ganhá-la". "O nosso inimigo não tem tabus, de limites, de moral, de fronteira. Nós devemos ser impiedosos". E pede ao governo para aplicar o mais rapidamente possível as propostas da direita contra o terrorismo.
15h - Marine Le Pen cavalga a fúria contra o islão. Num comunicado, a Frente Nacional precisa: "Nos dois últimos quinquenatos, os de Sarkozy e Hollande, a deriva islamita não conheceu nenhum entrave e a subida da delinquência que a serve de viveiro não foi travada". O partido apela à aplicação das propostas anti-terroristas como a repressão da imigração.
16h - Tocam os sinos em sinal de unidade e de solidariedade. O bispo de Bayonne convidou os padres da sua região a "tocar os sinos"das igrejas às 19h.
16h40 - São conhecidas descrições do assalto e assassinato feitas pelas freiras.
16h45 - A autarquia de Saint-Etienne-du-Rouvray apela a que os seus habitantes venham "exprimir as suas emoções, a asua dor, a sua indignação junto da sede da autarquia.
17h - Torna-se conhecido que os assaltantes tinham como armas uma arma branca, tipo faca, e uma pistola "inoperativa" e um dispositivo fictício a fingir ser de explosivos, segundo fones próximos do dossier.
17h30 - A Casa Branca apresenta condolências."A França e os Estados Unidos têm um compromisso comum de proteger a liberdade religiosa para todos os cultos, e a violência de hoje não encobrirá esse compromisso".
17h35 - Os católicos apelam a uma oração na 6ª feira.
18h50 - Ao contrário da Casa Branca, Holanda volta a virar-se para os católicos. "Tudo será feito para proteger as nossas igrejas e nossos locais de culto", diz Hollande. Interessante este possessivo...
19h40 - Alain Juppé apela aos franceses para "fazer bloco contra os bárbaros".
20h - Hollande continua na sua deriva: Matar um padre "é profanar a República". "Façamos bloco", continuou. "É assim que ganharemos a guerra contra o ódio e o fanatismo". Brilhante!
20h15 - Para o primeiro-ministro Valls, que parece inverter um pouco o discurso do Presidente, "o objectivo" é o de "criar uma guerra de religiões". "A cada atentado, não vamos inventar uma nova lei, um novo dispositivo". Mas garante que "esta guerra vai ser longa, difícil". Mas que "a nossa união será a nossa força e é graças a ela que a vamos ganhar".
20h25 - O cardeal André Vingh-Trois afirmou que "um exército moderno pode exterminar o Daesh", mas não o fanatismo. Pois, esse combate é ainda mais longo e um exército moderno em nada ajudará a ganhar essa guerra. Como está à vista desde 2001.
“O problema é que quanto mais a esquerda imitar a direita... ”
ResponderEliminarO partido Socialista é um partido de esquerda?
Um partido belicista que promove guerras, um partido que impõe “reformas estruturais”, ou seja, neoliberalismo, enfim, até podem até dizer que é de esquerda se assim vos der prazer, mas não é certamente progressista e humanista!
O Hollande diz que vai bombardear a Síria ainda mais, que bom! Até porque bombardear o norte de África e o médio oriente tem tornado o mundo mais seguro…
Os socialistas estão a criar bodes expiatórios para os problemas económico-sociais da França, tal como a extrema-direita o faz…
Nós estamos a assistir ao colapso do PS francês, parece que os franceses para políticas típicas de extrema-direita preferem a extrema-direita assumida.
A jihad é muçulmana? É!
ResponderEliminarOs arcaísmos do Corão são rejeitados como tal ou tidos pela voz de Deus para os dias de hoje? O ruído hermenêutico é nenhum contra o fundamentalismo!
O Maomé era pedófilo e dado à violência doméstica? Sim.
E alguém o proclama fora do nosso tempo? Não!
Os muçulmanos são fiéis à palavra do profeta ou denunciam os fiéis como retardados? Sim e Não.
Distância e Vigilância a uma seita saída das trevas.
ResponderEliminarEsta questão do terrorismo e´ grave sem duvida mas se continuarem a combate-lo como ate´ aqui, ele crescera´. O que se passa no centro europeu e´ uma guerra de guerrilha e qualquer exército de país colonialista tem experiencia suficiente para enfrentar tal diversão bélica. Normalmente, a guerrilha continuada teria o apoio das populações onde actua. O que não e´ o caso?
E´ triste, muito triste assistir ao nascimento de estados e povos párias como os povos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia e Siria, entre outros, saqueados de suas terras, dos seus lares e das suas riquezas minerais e a se acolherem na terra de seus algozes - Associados OTAN.
Esta guerra declarada ontem pelas autoridades francesas só tem vencidos…
Vem de longe muito longe, desde o saque de Constantinopla e destruição de Jerusalém feito pelas “Cruzadas” europeias… de Adelino Silva
Grave, muito grave o comentário dum agente do terrorismo, impregnado do fundamentalismo religioso das bestas da extrema-direita
ResponderEliminarPelas 13 e 07 posta um comentário que resume a bestialidade destas coisas.
Veja-se a porcaria em que este tipo se envolve:
"O Maomé era pedófilo"
A crítica às religiões, a todas as religiões é um direito de todos os humanos. O respeito pela fé é, por outro lado. um dos princípios básicos do convívio civilizacional.
Só um parvo idiota ousa questionar o cristianismo com base nas relações sexuais ( ou não) de Maria, mãe de Jesus.
Só um idiota parvo ousa criticar os muçulmanos com base na pedofilia de Maomé. Mas neste caso a questão ultrapassa o parvo e o idiota para se tornar um crime de ódio.
Uma notícia para este gajo. Maomé viveu no século VI da nossa era. Pouco antes tinha-se iniciado a Idade Média e durante uma grande parte de tal período os casamentos ocorriam com raparigas muito jovens.
Com efeito, na maioria das vezes, os matrimónios eram “arranjados ainda em tenra idade, tendo em vista os interesses das famílias envolvidas no contrato. Obviamente, uma criança com a idade de doze anos – a que era sugerida pela Igreja para casar – não teria maturidade nem a consciência necessárias para ser desposada ou, por outro lado, para se recusar a contrair matrimónio. A Igreja difundira ainda a ideia de que um ser do sexo feminino que, eventualmente, casasse com um rapaz mais velho que com ela vivesse, viesse a sofrer, física e mentalmente, com a cópula carnal com que o marido consumasse a união"
Nas classes sociais mais altas a menina casava em média aos 8 anos de idade.
Ou seja alguns séculos posteriores ao nascimento de Maomé ainda pululava aquilo que um cretino designava como de pedofilia. Nas sociedades ditas católicas.
Há mais:
ResponderEliminarTranscrevendo a wikipedia:
"Por volta de 595 Maomé conheceu Cadija, uma viúva rica de 40 anos de idade. O jovem (na altura com 25 anos de idade) impressionou Cadija pela sua honestidade nos negócios de tal forma que ela propôs o casamento. Este casamento representou uma mudança social para Muhammad, já que segundo os costumes árabes da época os menores não herdavam, razão pela qual Muhammad nada tinha recebido da herança do pai e do avô. Muhammad permaneceu com Cadija até à morte desta em 619. Cadija teve seis filhos de Muhammad, quatro mulheres (Zainab, Ruqayyah, Umm Kulthum e Fátima) e dois homens (Al-Qasim e Abdullah, que faleceram durante a infância)...
Durante a sua vida e depois da morte de Cadija, Maomé viria a casar com outras quinze mulheres, na sua maioria viúvas, excepto Aicha. Estas mulheres eram viúvas de companheiros de Maomé, tinham uma idade avançada e o casamento com o profeta surgia como uma forma de garantir protecção e estabilidade económica. Em outros casos os casamentos serviram para cimentar alianças políticas.
Uma das esposas mais importantes de Maomé foi Aicha (em árabe عائشة), a sua segunda esposa, que tinha seis anos de idade na altura do seu noivado e segundo registos, nove anos na altura de seu casamento com o profeta. Outras fontes afirmam que o casamento foi consumado por volta dos 13 ou 16 anos de Aicha"
Vemos a "honestidade" de quem tenta atiçar o ódio religioso desta forma grotesca e criminosa. Mais não faz do que replicar os vómitos odientos dos blogs de extrema-direita que frequenta e de que se alimenta
Os dotes eram um dos aspectos importantes nos matrimónios da Idade Média:
ResponderEliminar"Entre as classes menos favorecidas, estas doações continuavam a ter algum significado: “Por exemplo, os Costumes de Riba-Coa. do séc. XIII fixavam-nas em 12 maravedis, 2 fangas de trigo, um porco, meio boi, 5 carneiros e 50 cabaças grandes, de um Cântaro, cheias de vinho”
...A prática destes artifícios expressa a compra do corpo da mulher pelo cônjuge, seguindo a tradição do costume germânico, que foi seguido no nosso País ao longo de toda a Idade Média"
Pode assim apostar o indivíduo das 13 e 07, que fala assim da forma grotesca como o faz, que há muitos anos, há largas centenas de anos, muitos dos seus ascendentes(se não tiver sido gerado por geração espontânea) eram reconhecidos pedófilos na terminologia peculiar do dito sujeito. E que compraram as suas queridas esposas por provavelmente meio boi, cinco carneiros e uma série de copos de vinho.
O que explica muita coisa.
Mas não explica muitas outras coisas. É que é desta cepa que nasceram os que fizeram as "Noites de Cristal".
Ou os Breiviks paridos no ódio cego, xenófobo e criminoso dos "iluminados" trastes de extrema-direita
Caro José, acho que ultrapassou os limites da boa sociabilidade. O odio alimentado pela ignorância cega o bom senso humano. Experimente a psicanalise homem, porque a sua doença esta´ a agravar-se de dia para dia. De Adelino Silva
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