O cientista social norte-americano Robert Fishman publicou um artigo sobre Portugal no New York Times com uma visão excessivamente idealista, mas que sublinha bem as pressões especulativas sobre o nosso país, aqui resumido pelo Negócios, e que teve, como não podia deixar de ser, impacto interno. Fishman tinha publicado, em 2010, um artigo académico na revista Studies in Comparative International Development intitulado "Rethinking the Iberian Transformations: How Democratization Scenarios Shaped Labor Market Outcomes". O artigo está acessível através de qualquer universidade, mas um resumo pode ser encontrado aqui. Trata-se de um exercício de economia política comparada. Portugal aparece muito bem na fotografia em termos de capacidade de criação de emprego e de preocupação política com essa variável crucial. O estudo de Fishman refere-se ao período democrático, indicando precisamente que a ruptura revolucionária portuguesa e suas heranças político-ideológicas e institucionais, por comparação com a transição espanhola, explicam parte deste relativo sucesso português. No entanto, um certo entusiasmo de Fishman tem de ser temperado pela consideração das abissais desigualdades salariais nacionais, por exemplo. E é claro que este euro, a austeridade, as pressões especulativas e suas sequelas puseram em causa, desde o início do milénio, tal trajectória, como Fishman aliás reconhece.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Portugal visto de fora...
O cientista social norte-americano Robert Fishman publicou um artigo sobre Portugal no New York Times com uma visão excessivamente idealista, mas que sublinha bem as pressões especulativas sobre o nosso país, aqui resumido pelo Negócios, e que teve, como não podia deixar de ser, impacto interno. Fishman tinha publicado, em 2010, um artigo académico na revista Studies in Comparative International Development intitulado "Rethinking the Iberian Transformations: How Democratization Scenarios Shaped Labor Market Outcomes". O artigo está acessível através de qualquer universidade, mas um resumo pode ser encontrado aqui. Trata-se de um exercício de economia política comparada. Portugal aparece muito bem na fotografia em termos de capacidade de criação de emprego e de preocupação política com essa variável crucial. O estudo de Fishman refere-se ao período democrático, indicando precisamente que a ruptura revolucionária portuguesa e suas heranças político-ideológicas e institucionais, por comparação com a transição espanhola, explicam parte deste relativo sucesso português. No entanto, um certo entusiasmo de Fishman tem de ser temperado pela consideração das abissais desigualdades salariais nacionais, por exemplo. E é claro que este euro, a austeridade, as pressões especulativas e suas sequelas puseram em causa, desde o início do milénio, tal trajectória, como Fishman aliás reconhece.
Caro João
ResponderEliminarFace ao brutal PROTECTORADO (com maiúsculas? sim, com maiúsculas) que temos aí anunciado, parece sinceramente "too few, too late" vir agora defender que "Only elected governments and their leaders can ensure that this crisis does not end up undermining democratic processes. So far they seem to have left everything up to the vagaries of bond markets and rating agencies".
Ohohohoh! Tão eufemístico e tão politicamente correcto, este tipo!... Mas enfim, que isto seja por sua vez notícia, pode talvez ser interpretado como sinal do que ainda é possível escrever - e do que por contraste já não é, claro - na "imprensa livre"...
E depois... entendamo-nos: elogios aos traços específicos da evolução portuguesa que relevam da origem revolucionária-radical-plebeia do nosso processo de democratização, por oposição ao controle "desde arriba" no caso espanhol? YEAH!
Elogios póstumos à governação socrática, amargas lágrimas "de esquerda" vertidas por ela, tão aceitável, malgré tout, "na hora de despedida"? Decididamente, NAY!
Fomos um país super-ultra-xpto "bom aluno" dos ditames de Bruxelas ao longo de toda a década de vida do supostamente salvífico Euro. Valeu-nos de muito? Bem, valeu-nos uma década toda ela já miserável do ponto de vista do crescimento do PIB. MUITO PIOR DO QUE A "BALDISTA" GRÉCIA! (Em maiúsculas? Sim, de novo em maiúsculas e com exclamação). Valeu-nos uma distribuição do rendimento pior (ou melhor, claro: "tudo depende da raiva e d'alegria"...) da de qualquer outra parte na Europa: O MAIS DESIGUAL DOS PAÍSES EUROPEUS! (De novo...? Sim...)
E depois, no fim da nossa caminhada bem comportada, valeu-nos isto... isto em que não adianta muito vir agora dizer (ou sugerir) que as culpas foram sobretudo do protagonista A ou do B, ou que parece que o C, vendo bem, até nem queria... O que é facto é que, face às dificuldades da liquidez, que se acrescentaram às da solvabilidade, e face a um BCE que se está completa e radicalmente nas tintas para nós (tanto mais quanto sabe o quanto nós somos burros o suficiente para nos obstinarmos na recusa a ver isso), Sócrates mais Passos mais Paulo Portas (não um ou dois deles contra os demais: todos os três), se concertaram para a solução blue-eyes... É tão bom deixar de ter de responder em democracia, passando a ser assumidamente só decorativo! Uff!... Estava a ver que nunca mais acabava a porcaria do "ciclo eleitoral"!...
Bem, mas há sem dúvida também uma leitura admissível, que é talvez, embora em sotto voce, a que sobretudo se depreende deste suave encómio póstumo do socratismo: não haja mesmo dúvidas, "QUANTO MAIS A GENTE SE BAIXA..."
Quando a hipocrisis não tem limites
ResponderEliminaresta europa não solidária
não resistirá aos desmandos dos mercados especulativos
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ResponderEliminarIndividual Article (Electronic Only)
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a bica a 0,60eur e o tabaco a 4,00eur fico sem espaço para a salada e exercícios de economia política comparada a 34,00eur...
se alguém quiser ajudar na educação deste Vosso amigo a minha mailbox e eu agradecemos!
Não me parece que o artigo seja assim tão interessante. É estreito em culpabilização, parece-me pouco fundamentado, come algum gato por lebre de propaganda governamental, no fundo quase que apoia o PEC4. Entre a culpabilização e a conclusão de que o resgate não era necessário, vai uma distância de falta de argumentação convincente. Aliás, o autor é sociólogo, não economista.
ResponderEliminarMas, sem querer fazer teoria de conspiração pergunto-me. Tantos e tantos bons artigos andam pela imprensa mundial e esquecidos na nossa net. Este virou top, já o recebi hoje numa dúzia daqueles típicos mails de cadeias. A quem interessa? Quem é que verdadeiramente está interessado em que toda a gente pense que foi "obrigado" a um resgate que era desnecessário?
Respondi mais desenvolvidamente: Gato por lebre, ou um artigo a encher a net
ResponderEliminarJVC tem toda a razão. É uma vergonha. Rntão nós não sabemos o podre que por aqui vai? a falsificação demente e com uma encenação fascistóide do governo Pinócrates? A justiça ? A educação? só tretas. Isto são liberais americanos que olham para o euro como um oásis contra o imperialismo. Tudo vos serve para a manipulação. Reparem que o Boventura com pseudo-nome internacional engole isto, enquanto JVC percebe o óbvio. vergonha!!!!!
ResponderEliminarJorge Rocha